21 de dezembro de 2006

Rosas de Outono

Vilaça
O frio nocturno deste Outono ainda não foi bastante para que os campos se cubram de um manto branco onde morrem os últimos botões das minhas roseiras.
Admiro a beleza de todas as rosas, mas aprecio sobremaneira o tom vermelho escuro das que crescem no meu quintal no tempo próprio, não agora, que nascem tardias, quase a medo, não vá a geada uma noite destas reduzi-las à lembrança da Primavera., o que acontecerá mais cedo ou mais tarde. Um dia destes trouxe do jardim uma dessas rosas de Outono com a intenção de a colocar numa jarra, como sempre faço – um luxo a que me dedico com inusitado prazer. Dada a fragilidade das pétalas, coloquei-a com muito cuidado no banco do "pendura" e fiz-me à estrada sob chuva forte. Os pensamentos teriam pouco sentido porque concentrava toda a atenção no tráfego, apesar de pouco intenso.
Na "estrada real", próximo do "sítio do costume", disse de mim para mim:"com este tempo, não há rameira que aguente a espera de eventuais interessados na aquisição dos seus serviços"!
Puro engano. Depois de uma curva, na berma da estrada, uma figura feminina, esguia, de mini-saia, acoitava-se sob um guarda-chuva. Do outro lado, estava outra, sujeita ao mesmo desconforto. Travei suavemente, o carro continuou a marcha mais devagar, e ao passar por aquela que estava estática junto à minha faixa de rodagem, cruzámos os olhares por breves segundos - tempo suficiente para outra decepção: "mais um que se limitou a olhar " – terá dito para com os seus botões.
Os meus pensamentos foram outros… Que "estórias" não teriam estas mulheres para contar, se lhes fosse pedida justificação para a entrega a tal profissão de riscos anunciados, morais e físicos? Creio que as carências económicas e falta de emprego vinham à cabeça de uma lista com outros itens por demais conhecidos, mas pouco aceites pela sociedade, que usa o prazer mórbido da rotulagem depreciativa como elas o fazem com o corpo: de forma rotineira.
A mulher com quem cruzei olhares tinha o rosto gasto pelo peso dos anos e, naturalmente, dadas as circunstâncias climatéricas, não estaria com a melhor das disposições para se enfeitar com um sorriso; por isso, talvez não conseguisse atrair cavalheiros interessados no negócio do prazer. Então, como num escaparate, expunha o que de melhor tinha para o enlevo da vista: duas pernas roliças e elegantes para excitar a cobiça.
Infelizmente, naquele dia, até o tempo fazia cara feia… Que ninguém me peça opinião sobre este modo de vida, porque, no meu jeito grave e solene, quando é caso disso, opinaria: sendo a prostituição uma realidade reconhecida como a profissão mais antiga da Humanidade (?), por que não obrigar estes agentes do sexo ao seu exercício no recato de quatro pareces e em condições de higiene e segurança? Dirão os eventuais leitores que os hábitos (não) fazem um monge, que isto é prática comum em qualquer parte do mundo, sempre assim foi e continuará a ser – é verdade, mesmo assim não altero o meu sentido de voto.
Não se discute a qualidade e a competência dos intervenientes e muito menos se fará a apologia do chamado sexo de luxo nesta croniqueta despretensiosa – sexo é sexo, seja ele praticado no requinte de um quarto de hotel, ou debaixo de um tecto de miríades de estrelas, ao ar livre. As condições de conforto, higiene e segurança, é que mudam - do pormenor do romantismo dos lençóis de seda a uma flor num solitário, e outros requintes a preceito, para que o negócio se assemelhe a um acto de amor. Regresso à rosa da minha companhia, durante a viagem. Embora frágeis, as pétalas mantiveram-se harmoniosamente juntas.
(Se fosse agora, teria feito uma paragem antes da curva onde perdi de vista a mulher de mini-saia e pernas roliças e oferecia-lhe a rosa de Outono – talvez ela sorrisse…com a minha prenda de Natal)
http://www.correiodabeiraserra.com/

18 de dezembro de 2006

Porque é Natal...


... que a alma Mimosa
da Acácia
continue imaculada
e a mente liberta
de pensamentos tristes
e doloridos.

14 de dezembro de 2006

ENCANTADOR DE "SERPENTES"


Carreguei os braços com dicionários e prontuários, abri caminhos inóspitos na Internet, consultei puristas da minha língua materna e um dia, hoje, resolvi dar por finda a busca do sinónimo da palavra PERSUASIVO. Afinal, os meus conhecimentos gramaticais não são tão superficiais como, erradamente, tinha concluído: dizer que alguém é (foi) PERSUASIVO, é chamar-lhe… talvez HIPNOTIZADOR – um verdadeiro mágico!
Agora a sério: quem PERSUADE determina a vontade de alguém; leva alguém a crer, a aceitar ou a decidir (fazer alguma coisa); induz, instiga, convence, aconselha, etc – segundo "soube" nas fontes a que recorri.
Confesso que não me reconheço com tais predicados, e não me imagino ENCANTADOR DE SERPENTES!
Todo este arrazoado desfaz, a meu ver, a insigne ilusão do amor apaixonado sem retorno. À falta de argumentos, o recurso é, por norma, a invenção de situações análogas aos sentimentos superiores, mas que não passam de retórica justificativa de actos impensados – importa é sair de “alma lavada”, ou fazer como Pilatos, depois de entregar Cristo aos carrascos.
A que propósito vem toda esta confusão de palavras? Simples: apeteceu-me confundir as minhas próprias ideias e fazer deste texto um jogo, e desafio alguém para o dito – basta que sejam descodificadas as pistas que deixo nas entrelinhas e as meias palavras que ficaram por dizer, e facilmente se acerta no alvo, o que garante, à partida, reconhecimento público pela perspicácia, meia dúzia de caramelos e dois bilhetes para ouvir na RFM o Juanes cantar La Camisa Negra !

10 de dezembro de 2006

Coerente, mas pouco

Há sempre nostalgia quando fala dos tempos vividos em África de forma tão natural como as imagens do pôr de sol, sobretudo quando a mistura das cores tem pinceladas de mar.
Não há volta a dar a este amigo, que se assume como "sonhador", e ainda que a vida, agora, lhe sorria desafogada, insiste em continuar preso a um passado, que me afiança "feliz", e toma para si exemplos de vida que nada têm a ver com o tempo presente. Acredita, o meu amigo, que os pequenos nadas aconchegam sentimentos e é por via deles que se atinge (?) determinado karma: "qualquer acção tem uma reacção de força e sentido contrário; se praticamos o mal, a acção retorna na intensidade equivalente ao mal causado." – cita com alguma frequência, como se a filosófica frase resumisse a essência da sua própria vida… e dos outros!
As palavras, escritas e pronunciadas deste modo, podem alterar comportamentos cívicos e morais quando adaptadas por inteiro nos relacionamentos interpessoais, e este meu amigo de longa data, faz por ser coerente com as suas "filosofias", embora, como reconhece, nem sempre disso é capaz, mercê das renúncias a que se vê obrigado a cada passo – a sociedade em que se movimenta tem mais de hipócrita do que leal, e lamenta-se que lhe custa curvar a cerviz, mas pouco (ou nada…) pode fazer para "alterar o sistema" – diz!
Sobre os partidos políticos, não se identifica com a "direita" (existe?), mas também não se considera da "esquerda"(?), e não se revê, de forma nenhuma, na acção política do "centro". É aqui que todas as conversas se cruzam, e as discussões de cariz político/partidário, embora civilizadas, nem sempre têm final feliz, isto é: se ele se aproxima das ideias anárquicas de Buenaventura Durruti, figura da Guerra civil espanhola, ou do famoso Che Guevara, por que não se assume como tal? Terá ele as mesmas convicções?
A Constituição da República traça muito claramente as regras com que somos governados, direitos e deveres de cidadania, e não me parece que o meu amigo encontre no Documento escapatória para os seus devaneios, mas enfim, lá terá as suas razões quando argumenta que nem tudo o que está escrito se cumpre por inteiro, etc, etc…
O anarquismo, enquanto teoria política, de facto, não significa o caos ou a desordem pública. O que me parece é que este amigo anda com os neurónios às avessas, e "lá dentro" (do cérebro) a confusão é total, de tal modo que não encontro nem uma pitada de coerência na sua propaganda "revolucionária" – porque de revolucionário tem muito pouco ou nada. Quando ele intervir na vida da comunidade com arreganho, na tentativa de fazer diferente, para melhor, "revolucionando" o marasmo em que se diz envolvido, então tiro-lhe o meu chapéu.
Como pode um "revolucionário" não assumir as suas diferenças e levá-las à prática? Se lhe basta o cabelo comprido e barba de três dias, então… é mesmo um exemplo acabado do Homem inquieto e descontente que há-de mudar o curso da História! É nesta encruzilhada que me amofino com o meu amigo. A sua nostalgia, é bom de ver, tem resquícios de um certo colonialismo bacoco, já lho disse, olhos nos olhos. E quanto ao seu espírito "revolucionário", estamos conversados…
A citação que reproduzo mais atrás, meu caro, é uma espécie de avestruz que, dizem, perante o perigo, esconde a cabeça e deixa o resto do corpo à mercê do inimigo. Coerente…mas pouco, o meu amigo!
(http://www.correiodabeiraserra.com)

1 de dezembro de 2006

Jaime MARTINS BARATA

Numa velha lenda nórdica,
um cavaleiro pede a um espelho mágico
que lhe mostre
a mais bela cidade da Europa.
E o espelho apresenta
aos seus olhos assombrados
a vista de Lisboa, a Grande,
como antigamente lhe chamavam.

"A obra de Martins Barata
é extraordinariamente numerosa e variada:
selos e moedas que circularam durante anos,
ilustrações, ferramentas, brinquedos,
livros e publicações, pinturas monumentais
(dispersas pelo país e estrangeiro).
Martins Barata foi um verdadeiro
homem da Renascença
"
- está escrito sobre esta figura fantástica, que desconhecia. Tive o privilégio de conhecer uma anciã que lhe serviu de modelo em algumas das suas obras.Fascinante!
Aconselho uma visita.

.

27 de novembro de 2006

João Sargo



Aos amigos e aos amigos dos amigos fica o convite para um passeio delicioso: conheçam mais um talento da fotografia aqui:

21 de novembro de 2006

A rapariguinha

A rapariguinha dizia à amiga que estava grávida.
Como ambas são demasiado jovens, ouvia as conversas de passagem e não lhes dava crédito.A dado momento, percebi que o assunto era mesmo sério; então, fiz uma pausa nas minhas idas e vindas, entre cafés e sumos de laranja, e perguntei:
-Mas... estás mesmo grávida?
-Estou com um mês, é verdade.
-Qu idade tens?
-17.
-E o teu namorado?
-Tem a minha idade.
A amiga entra na conversa:
-Anda por cima esta parva engravidou por que quis!
-Foi? - perguntei.
-Foi pois - respondeu de imediato, com ar feliz, como se tivesse subido ao Everest, e conta:
-O meu namorado enganou-me com outra e eu, como queria ficar com ele, engravidei para o prender.Em minha casa ninguém queria acreditar, nem ele, mas fui fazer os testes à farmácia, e quando os mostrei é que viram que não estava a brincar!
-És "muita stupida" - atira-lhe a amiga, com ar de desprezo.
A rapariguinha encolheu os ombros e continuou a sorrir enquanto se despedia da amiga.
-Bem, tenho de ir. "Xau" . Porta-te bem.

15 de novembro de 2006

Posso ajudar?

A Mariana trabalhava na Livraria Académica e usava os cabelos compridos.
Perdi o conto às visitas que fiz à livraria, na esperança de ser ela a ouvir os meus pedidos de coisas simples: lápis, borrachas, papel cavalinho, aguarelas...
Quando não estava necessitado de nada, teimava em continuar cliente de leituras, embora curtas. Foi assim que conheci Mário Sá Carneiro, António Botto, Alves Redol e tantos outros autores portugueses
A estratégia era simples: para que a Mariana viesse ter comigo, entrava na loja e ia direitinho à estante das obras menos procuradas. E ela vinha, mesmo depois de se ter apercebido da marosca, com um sorriso malandro.
- Posso ajudar?
Poder, podia, mas a ajuda necessária não tinha nada a ver com esclareciemntos sobre as obras expostas.Talvez se falasse do tempo que fazia lá fora, do "single" musical em voga ou de qualquer coisa que me fizesse ganhar coragem, eu teria saído do canto da minha timidez e declarava-me... "apaixonado"!
A Mariana foi sempre muito profissional no seu papel de balconista e nunca passou do cumprimento de circunstância e da frase sempre igual:
-Posso ajudar!
Eu, como não tinha asas para voar para outras conversas, fiquei cativo da timidez e ela nunca soube da minha "paixoneta"... adolescente.

9 de novembro de 2006

Saudade (s)

Quando se tem tempo de sobra para ganhar outros tempos, umas visitinhas a "blogs" de estimação podem proporcionar excelentes "elixires" para dias menos positivos."Descobri" este caminho:http://contosdefadasehistoriasdebruxas.blogspot.com/ e , pelo que li, estou para saber se as "estórias" que a autora conta são suas por inteiro ou as "surripiou" à mente de imaginação fértil e farta, viajando por mundos estranhos, como o meu, por exemplo!
Com as devidas distâncias, já que somos de sexo oposto e as nossas saudades também são dispares, o texto que acabo de ler é demasiado... autêntico para passarmos adiante sem uma pausa. Apesar de "tétrico", o último parágrafo tem poesia no desapego às coisas terrenas - só o espírito lhe basta para se "confundir" na espuma de uma das "próximas" ondas!
Será a morte "coisa" doce?
Quero acreditar na voz do povo quando uma triste personagem entrega a "alma ao Criador" ou então ... "foi desta para melhor".
A saudade mata devagar - nota-se!
... A minha começou pelo brilho do olhar o que, convenhamos, não abona em nada a mentira do que sou: um sujeito "forte", face às contingências de erros e enganos!
Mas isso são outras histórias de bruxas e...contos de fadas...
Felizmente, o mar ficou calmo e sossegado - deixou de ter "ondas" - só o "meu rio" continua a correr pelas margens, a caminho do mar das espumas onde "tudo se trasnforma".

5 de novembro de 2006

Cartas de jogar

Um dia destes cruzei-me com a "dama de copas" das minhas cartas; cumprimentou-me como se fosse um "duque de espadas"ou um "terno de paus"e eu, vestido de "rei de ouros", não fui ao "jogo" porque o baralho estava "viciado"...

31 de outubro de 2006

"Pavarotti"











No meu "jardim de entrada" está prisioneiro um canário amarelo que, parecendo alegre, tristemente canta a saudade.

27 de outubro de 2006

Arre-burro


Que eu saiba, há, pelo menos, um burro de quatro patas que passa debaixo da minha janela, arrastando ronceiramente uma carroça, velha como ele, o burro.
Se o dono tivesse acompanhado o progresso, por certo a carroça teria rodas com amortecedores e pneumáticos, mas como não tem, acordo logo pela manhã, bem cedo, com um barulho sem melodia; não sei onde começa, mas vem de longe, e vai chegando perto, mais perto, sempre mais perto!
Saint-Exupéry, no "Principezinho", é muito mais romântico quando imagina a felicidade da raposa:
-"... Por exemplo, se vieres às quatro horas, às três, já eu começo a estar feliz.E quanto mais perto for da hora, mais feliz me sinto...".
Por mim, não posso ser como a raposa, ansioso pela carroça, que o burro puxa sem pressas, numa hora madrugadora para quem se deita sempre no dia seguinte. O ruído das rodas, revestidas a aço, como chegou também desapareceu: devagar, mais distante, e perde-se no silêncio. Depois de encontrar o jeito, volto a adormecer. Interromper o sono com gosto, só quando a Filarmónica vem, estrada abaixo (a banda de música, que me lembre, nunca subiu, sempre desceu a minha rua…), a tocar uma marcha, mais uma menos afinada, com os "pratos" e o bombo a sobressairem dos clarinetes e da requinta, por vezes dos contrabaixos - só as trompetes lhes fazem frente, mas nem sempre!
Duas vezes no ano, é certo e sabido que tenho a Filarmónica debaixo da minha janela num simpático cumprimento de "bons dias", e aí sim, gosto do som que vem de longe, na minha mente, acordo devagar, e delicio-me. Se regresso ao sono, as voltas nos lençóis são suaves, e os sonhos, se os houver, desejo-os com final feliz.
O sossego da noite, na minha aldeia, não tem preço; o vento, quando vem, sopra de modo diferente nas "portadas" das janelas e a chuva parece acariciar os cocurutos das árvores. O Sol, se eu quiser, beija-me o rosto através da janela. Como os vizinhos moram mais para os lados, não fazem sombra nem barulho, o que, convenhamos, é uma bênção dos céus.
O burro, ao fim da tarde, larga a carroça perto do aconchego do curral, e posso contar pelos dedos de uma mão as outras viaturas com motor que passam debaixo da minha janela. A pé, são poucos os viajantes que se fazem ao caminho, o que não abona o censo da última década.
Estava a cogitar sobre todas estas vantagens que a minha aldeia me proporciona, e sou invadido por um arrepio, da cabeça à ponta do dedo grandão do pé.
- Ups… de onde vem isto? – pensei, tremelicando.. Ah, a solidão de quem passa dia após dia ouvindo o silêncio da minha rua e das outras ruas, quase desertas de vida, e o medo que me apoquenta quando me imagino naquele casarão, sozinho, um dia…
O burro, pela lógica da (sua) vida, mais cedo ou mais tarde, entrega a alma ao Criador; a Banda Filarmónica definha a olhos vistos…isso significa que vou ter ainda mais silêncio, não tarda! Se o barulho, agora, tem este "ruído", imagino como será daqui a uns tempos…
… A não ser que eu vá "desta para melhor" antes do burro deixar de ter forças para andar com a carroça a reboque, ou se fine de velhice. E quanto à "banda", até com meia dúzia de músicos se toca uma marcha fúnebre!
.'.

23 de outubro de 2006

O retrato


Tenho um retrato de mim à vista, mas não me reconheço quando o fito, pausadamente ou de forma fugidia. Nos traços do rosto não há sinais de caminhadas e nas pupilas não vislumbro lampejos de felicidade; até o meio sorriso pouco diz…
Houve um tempo de balanço, quando as esperanças definharam, com resultados positivos. Agora, se desnudo a alma e a deixo por aí, carpindo mágoas e mendigando gestos de afagos, fico sem saber quem sou, quem fui, e quanto ao dia seguinte, não vislumbro mudança de opinião – apenas a expectativa do que possa suceder entre a manhã e a madrugada, faz com que fique atento.
Se o retrato pouco diz (?) e a alma inquieta não veste sinais de esperança, que farei com este corpo?
As palavras, arranco-as do mais recôndito refúgio e espalho-as por aí, a esmo - talvez alguma germine em terra árida, fecundando-a de emoções, embora tardias…
Perante as dúvidas do ego, decido-me pela descoberta do outro “eu”, ao espelho, mas não vejo o cordão umbilical que me amarra à vida.
Terei passado ao Oriente Eterno? Se assim é, o corpo, que não tinha utilidade visível, está no sítio certo – o tempo se encarregará de apagar das memórias as minhas coisinhas miúdas, e talvez ganhe rótulo de “bom sujeito”, mas pouco lúcido.
A alma, quero-a imortal, mas sem lembranças do último adeus.

19 de outubro de 2006

Falta de "gravidade"!


O Maio (a) foi de abalada até à Tunísia com uns amigos ( uma daquelas viagens de fim de
curso, espécie de "bónus" dos papás por terem sido meninos muito bem comportados e óptimos estudantes; eu, que os conheço de "ginjeira", não abonava a decisão dos progenitores, se tivessem vindo "investigar as vidas" dos elementos do grupinho, principalmente do Maia e do Albano - outro amigão do peito - meio escondido pela bandeira. Das meninas, não falo - essas sim, nada a apontar...) e descobriu em pleno deserto um morro onde estava plantado o símbolo do nosso País.Quem terá sido o autor? Português? Talvez, mas com a falta de "gravidade", provocada por uma qualquer beberagem africana, errou na colocação da bandeira. Sorte do meu especial e grande amigo Maia (o) que, com esta fotografia ganhou um telemóvel num programa de TV.
Sortudo!!!

16 de outubro de 2006

"Desinventei" !!!

"Você, que inventou a tristeza, ora tenha a fineza de desinventar..."!
Disse a Margarida, que tem nome de flor.

E eu, "desinventei"!

15 de outubro de 2006

Possivelmente (2)...

Hoje aprendi que:
"Uma das regras da sabedoria diz-nos que os grandes amores são irrepetíveis. E nunca devemos voltar aos sítios onde fomos felizes."
(Autor?)

... E também li parte da escrita de Antoine de Saint-Exupéry:
"...
- Eu não sou uma erva - protestava suavemente a flor.
- Desculpe...
- Dos tigres não tenho mesmo medo nenhum.Agora das correntes de ar...Não terá por aí um biombo?
"Já é azar, para uma planta, ter horror às correntes de ar", pensara o principezinho."Mas que flor mais complicada!"

... Por fim , encontrei "isto":


Por que espero,
se desespero?
E por que fico,
se quero ir?
E por que vou,
se quero ficar?
E por que insisto e não desisto?
Isto é loucura ou desventura?
Inconsciência ou pertinência?
Sabedoria ou estupidez?
...Mania?
Talvez...
Agora, que nada sei de mim,
fico assim, quedo,
e em segredo
desespero.
Insisto?
Não - desisto!
(cr 09/06)

12 de outubro de 2006


À boca do proscénio faço uma vénia e retiro-me de cena.
Acabou a farsa sem apupos nem aplausos.

9 de outubro de 2006

Como em Agosto...

Posso não te querer, mas quero-te muito!
Por isso, invento-te
Numa das rosas que apanho no quintal,
Quando as há;
Se não há, passo pelo canteiro de Agosto e imagino-as da mesma cor,
Quando as houver,
Em Agosto.

4 de outubro de 2006

Possivelmente...

É tarde nesta madrugada que tem quase horas de sol.
Medito sobre as conclusões que vêm em catadupa.
Frágil, o espírito parece que dói.
O corpo gasta-se pelo peso das luas cheias, sempre redondas.
A minha fortuna é tempestade do que sou em constante desalinho.
Entre o pouco e o nada, fico sonhador do que não fui capaz, teimoso e irreverente, submisso às vezes – apaixonado, sempre!
Penhoro a palavra que fica entre a honra e a safadeza, numa tentativa de adivinhação de uma noite de carícias e desejos, sem pecado nem mácula.
Faço leilão de mim, mas guardo um cordão de prata fina que me prende ao desconhecido da alma.
Se há desafortunada existência, então o pensamento continuará em viagem com destino incerto.
Possivelmente, não chegarei ao fim da caminhada a que me proponho.
Possivelmente…

1 de outubro de 2006

Haverá bruxas?

Quando a vida corre mansa e suave, que pensar das "forças ocultas" que a fransformam num caos?
Troco as dores da alma pelas chagas do corpo...
...
(Eu não acredito em bruxas, mas que elas existem, existem ... )

30 de setembro de 2006

Voltei ao parque

Fui ao parque porque tinha a “certeza” de que te iria encontrar!
Não estavas… mas calcorreei os caminhos que foram “nossos”. Sozinho!
O parque estava vazio de pessoas e ainda bem – não era justo alguém incomodar o solitário “regresso ao passado”…
À saída, vi uma figura miúda, ia devagar, cabeça baixa…
Eras tu!
Aproximei-me.
- Olá - disse eu.
- Olá - disseste tu.
- Como estás?
- Bem, e tu? Por aqui?
- “Sabia “ que te encontraria!
- Ando a espairecer, a tentar encontrar-me…
- Entramos um pouco?
- Pode ser.
Falámos de nós, sentados noutro banco, uma mesa entre os dois, olhos nos olhos.
Deixei que as emoções acumuladas se transformassem num regato de águas mansas e tu pedias-me que as estancasse. Os rios começam assim, com pequenas gotas...
No silêncio das minhas palavras, olhava os teus lábios secos e finos; os teus olhos eram duas bolas de gelo; o teu sorriso estava triste.
As coisas que dizias não vinham da alma...
Impossível - não eras tu!
Viajámos juntos no regresso, quase como “antigamente”…
Despedimo-nos com um beijo em cada face.
Estavas fria e eu senti frio.
Gelei!
Foi importante ter-te encontrado nesta tarde fria de Outono.
Qualquer dia volto ao parque.
Sozinho.
…Talvez encontre por lá a raposinha que gosta de rosas vermelhas

29 de setembro de 2006

A última viagem


Procuraste um porto de abrigo para as tormentas das tuas viagens e eu fui o cais do sossego.
Um dia, refeita dos males maiores, fizeste-te ao mar de alma lavada.
No cais deixaste o meu olhar fixo no horizonte onde te perdi.
Acenei num derradeiro adeus, estavas demasiado longe – sempre estiveste demasiado longe, mesmo quando te refugiavas na minha bonança – e não deste conta deste mar de lágrimas salgadas.
Infelizmente, não fui um porto seguro.

27 de setembro de 2006

Sem anexos

Um amigo brindou-me com esta delícia ; decidi publicá-la pela "graça" de umas quantas palavras e por tudo quanto se pode "ler nas entrelinhas".
Se a moda pega...

...

Carta aberta a um inventor de boatos

Caro senhor. É do meu conhecimento que procura saber pormenores sobre a minha pessoa. Infelizmente, limitou-se à “feira do boato” (um mau costume, como sabe) e não foi à fonte de águas cristalinas onde poderia saciar a sede, e nem a sua avidez por presumíveis factos do meu próximo passado teve o efeito desejado. Se tivesse percorrido meia dúzia de metros na minha direcção, tínhamos chegado à fala de forma educada e eu dar-lhe-ia as informações pretendidas, para contento e descanso da sua delicada, excelsa e prendada esposa e da sua alma gémea – o meu caro e inquisidor senhor; como não o fez, anexo o meu currículo de cidadão impoluto, nºs do BI, Contribuinte e conta bancária, certidão de nascimento, registo criminal, e ainda uma declaração da vizinhança onde se afirma que sou bom rapaz, pouco dado aos copos e às noitadas. Junto, ainda, atestado médico, isento de doenças contagiosas ou outras, e uma declaração onde afirmo, pela minha honra, que o meu único vício é estar apaixonado pela sua filha. Não lhe peço a mão da minha amada porque já a tenho – a mão e o resto…”!

22 de setembro de 2006

18 de setembro de 2006

Notícia de jornal


Sem que ninguém dessa conta, na passada quinta feira, dia 14, houve um terramoto a sul de um espaço reduzido, localizado sensivelmente a três quartos da inteligência, com efeitos devastadores no campo aberto das emoções. Todos os investimentos ruíram numa fracção de segundo – só ficou de pé uma árvore sem seiva, teimosa em continuar a desafiar forças invisíveis.
Pelo aspecto, a árvore não tardará a cair, arrastando consigo uma plêiade de sonhos, agora moribundos depois de um tempo de pujantes e viçosos sentimentos.
Especialistas acreditam que os edifícios não possuíam fundações à prova de um pequeno (?) sopro.
Os danos são incalculáveis!
A única testemunha ocular da catástrofe, atingida pela derrocada do polén da mimosa, encontra-se em convalescença.

15 de setembro de 2006

O contador de "estórias"

Havia um amigo comum e foi por essa via que eu e o “contador de estórias” chegámos à fala.
Das conversas simples passámos à discussão de temas importantes (ou nem por isso…).
Debatemos ideias e encontramos pontos comuns no modo como nos revemos na comunidade.
Se nos entendemos nos ideais, naturalmente procuramos nos “bons costumes” o equilíbrio entre a “sabedoria a força e a beleza” dos nossos actos. Infelizmente, continuamos a “anos-luz” da “perfeição”, mas acreditamos que virá “um tempo de amor e fraternidade total” para que se cumpra o vaticínio do tal amigo comum: Fernando Vale.
O “meu contador de estórias” tem tanto de desportista como de boémio, mas não são apenas as memórias desses tempos, com o requinte do pormenor, que fazem de si a melhor das companhias numa tertúlia ao serão…
Como gestor e autarca, recolheu fama de “pessoa séria, competente e rigorosa”. Agora, diz ter atingido a “reforma sem vencimento”, e fica longe dos encómios, de modo próprio.
Para mim, basta que remexa nas suas lembranças - fico de imediato preso às circunstâncias de cada momento vivido na irreverência da juventude, mas não desdenho uma boa “estória” dos seus tempos de homem feito.
Aprecio, sobretudo, seja em que circunstância for, a brejeirice com que envolve cada conto, talvez pelas gargalhadas que arranca à plateia da qual faço parte. Gabo-lhe o talento.
Peço-lhe para rabiscar as memórias, e a resposta vem sempre a meias com um sorriso, que não, “são coisas minhas” – diz.
Perante isto, “ameaço-o” de gravar os seus contos, à socapa, e um dia ainda vou enricar à sua custa – garanto-lhe!
O meu amigo e “contador de estórias” volta a sorrir, sorri sempre, porque está de bem com a vida e consigo próprio.
….
Faço uma breve pausa na escrita, debruço-me sobre o tema desta croniqueta e dou comigo a reviver outras “estórias”, que são minhas por inteiro, vividas no “outro lado do mundo” (como se não existissem “outros mundos deste lado”, que percorri das mais variadas formas com os sentidos despertos e atentos ao desconhecido…)!
Do “outro lado” sobram recordações do menino que aí cresceu e se fez homem entre “matateus e eusébios” de pé descalço, e partiu à descoberta do futuro que o mítico Festival de Música e Artes de Woodstock, realizado numa fazenda em Bethel, Nova Iorque, em Agosto de 1969, fez sonhar aos jovens do mundo civilizado…
No “outro lado do mundo” nasceram e morreram paixões e ilusões, mas o sonho (não importa qual!) manteve-se, e é em função desse sonho que “comando a vida” da “minha pedra filosofal”, porque quero fazer jus às palavras de António Gedeão.
Agora, desse “lado” veio uma encomenda que abri com sofreguidão e ansiedade, emoção e nostalgia - todas as minhas memórias vinham consubstanciadas em meia dúzia de coisas: castanha de caju para matar a saudade dos sabores africanos, boné e “t-shirt” para resguardar do Sol quente da “minha cidade”, e um punhado de terra onde mergulhei o olfacto e as duas mãos, quase em êxtase!
A Isaísa, senhora que nunca vi, foi a ”ponte” para o meu “regresso ao passado”!
… (Se tiver arte e engenho, sou capaz de fazer pirraça ao meu amigo contador de “estórias”. Ele que se cuide).

14 de setembro de 2006

31 de agosto de 2006

Com um pastor "assim"...


Agosto está no fim, e quanto a férias, ficamos por aqui.
Ter ou não ter (férias) é apenas o pretexto para uma croniqueta de ocasião, no seguimento da anterior que, pelos vistos, foi “subscrita” por número elevado de concidadãos - a maioria dos meus amigos também não usufruiu do tal tempo de folga, descanso, repouso, ou, como leio no dicionário da “Universal”, de dias de suspensão dos trabalhos oficiais!
O tema parece de somenos importância, mas é o que me vem à ideia e é interessante, apesar de tudo (e neste tudo incluo a crise económica da maioria das bolsas caseiras!).
Felizmente, a maior parte dos empregados por conta de outrem teve direito às ditas (férias), e se não deram um saltinho à Figueira ou às praias vizinhas, não foi por partilharem dos meus ódios de estimação: “areia em demasia, água salgada, e o mar revoltado, ora para trás ora para a frente, sempre em bolandas”! Não, o motivo por que passaram as férias por cá, entre um mergulho no rio ou na piscina, e um passeio pelos jardins, sobretudo nas noites mais quentes deste Agosto, tem a ver com a doença dos bolsos vazios!
Como se sabe, a nossa cidade não prima pela oferta de animação em quantidade e qualidade, daí que os turistas não incluam Oliveira do Hospital no seu roteiro. Durante o dia, ainda se viu gente a passear por algumas ruas, fizeram-se compras, mas o comércio em geral, se estava mal, mal continuou, e nem os saldos e os descontos especiais tiraram a ”barriga da miséria” aos investidores de porta aberta.
Na rua do Colégio, o movimento de transeuntes teve picos interessantes e gostei de ver algumas pessoas a repousar nos bancos ali colocados. Duas senhoras sentaram-se perto de mim; como vinham de conversa afiada sobre a cidade, assim continuaram: “Oliveira estava diferente, para pior, que a maioria das lojas dos dois centros comerciais estavam encerradas, era uma pena, pouca oferta, e a qualidade dos produtos expostos também…”, enfim a lista das lamúrias era extensa. Tanto ouvi que desisti. Levantei-me e desci a rua.
Ah, mas o maior motivo de espanto era o novo edifício da Caixa de Crédito Agrícola! Para uns, um “trambolho”, um verdadeiro “mamarracho”; para outros um novo “ex-libris” da cidade!
Entretanto, fiquei de conversa miúda com dois amigos, ali mesmo, perto dos que opinavam.
- Gostam? – perguntei a um grupo de basbaques.
- É um edifico interessante, sem dúvida., moderno, arrojado, fica bem entre a “monotonia” dos restantes prédios – respondeu um dos cavalheiros.
A senhora, curiosa:
- Mas se a entrada é da parte de baixo, e como esta porta está fechada, funcionam alguns serviços deste lado? Expliquei que “deste lado” havia um auditório com todos os requisitos modernos, etc.
Diz a senhora:
- Parece-me um espaço interessante para ser usado como local para exposições, por exemplo.
Obviamente, concordei!
Arredondámos a conversa com uma frase feita: até à próxima!
Subi a rua e fui ao Café Portugal apostar coisa pouca no “euromilhões”.
-Boas tardes! – disse eu à chegada.
-Boas tardes! – respondeu o Sr. Carlos, do Café.
Àquela hora, encostados ao balcão, estavam num colóquio dois presumíveis clientes; um, deu dois passos, estendeu-me a mão e foi simpático e gentil no cumprimento. O outro olhou de soslaio, e por aí se ficou, disposto a voltar à conversa, entretanto interrompida.
Reconheci a figura pelo porte, mas como o cavalheiro nunca me foi apresentado, não dei importância à falta do institucional e politicamente correcto “boa tarde”, embora entenda que “um pastor deve conhecer as ovelhas (salvo seja!) do seu rebanho” e os seus mimos repartidos por todas, sejam elas de cor branca, preta, vermelha ou laranja!...Com um “pastor” assim, é natural que algumas “das suas ovelhas” andem tresmalhadas…
Paguei a aposta do jogo, dei meia volta, saí calado, e só parei na “Silmoda” para ver os saldos (está na montra um “pólo” vermelho que tenho “atravessado na carteira”; infelizmente a “Lacoste” também não foi de férias, os preços mantêm-se, para meu “desgosto”) …
Se me sair o “euromilhões”, compro a peça de roupa e volto ao Café com ela vestida. Sempre quero ver se o “ pastor” me reconhece pela cor do “pólo”…

13 de agosto de 2006

"Socorro", preciso de férias!


"Finalmente, férias"!
Este mês já ouvi a frase uma infinidade de vezes!
Férias lembra o campo, as viagens turísticas, as filas intermináveis nas estradas, praia, sol, calor… Dou por mal empregue esse tempo de não fazer nada, ou quase nada.
É tudo uma chatice.
Por exemplo: a praia tem areia em demasia, a água é salgada e o mar anda às voltas e reviravoltas, não pára quieto; perante esta insofismável verdade, só me imagino numa bela esplanada a olhar o mar com um pratinho de camarão (cozinhado de qualquer maneira) em cima da minha mesa, e uma imperial a babar o copo. Assim, sim, gosto da praia.
Como se vê, a praia “só tem esta ligeira” vantagem (camarões e imperiais fresquinhas!). Mais nada! Ah, e tem o sol, o calor, muito importante para os escaldões, é bom não esquecer…
Quanto às filas nas estradas, sobretudo se dão acesso às praias, é outra chatice, porque o ar condicionado de que disponho na minha viatura é demasiado abafado, vem de fora, e creiam que em vez de arrefecer, aquece, o que contraria a minha imaginação de um habitáculo com temperatura amena. Se o carrinho está em movimento, vá que não vá, mas assim, as férias só servem para irritar, digo eu, que não tenho férias!
Ainda pensei andar por aí, em viagem, de máquina fotográfica ao pescoço, feito turista “cá dentro”, mas nem esta ideia me convenceu da utilidade de olhar casas velhas, palácios senhoriais vazios, castelos sem ameias – uma seca, acreditem.
Para a grande cidade é que nunca iria, nem de férias!
Resta-me o campo e uma casinha perto de um rio para chapinhar na água doce. Dizem-me que os leitos dos ditos estão sujos de lama, mercê das chuvas primaveris, que carregaram as terras soltas dos locais onde os incêndios do ano passado “construíram auto estradas”. Se assim é, nem vale a pena pensar no assunto.
Mesmo que optasse por outro sítio, há o problema das melgas e outros “picadores” profissionais - uma verdadeira praga nesta altura.
Como estou proibido de fazer uma fogueira para assar duas febras de porco, ou meia dúzia de sardinhas, por exemplo, acabo por desistir de acampar em plena Natureza.
Dirão que as férias são necessárias, que o corpo e o “espírito” precisam de descanso, etc e tal. É capaz de ser verdade, mas como não sou especialista na matéria, não opino, fico-me pela minha verdade que, como se vê, é meia amarga, uma espécie de “quente/frio” à sobremesa. Como nunca tive férias, na sua verdadeira e saborosa definição (folga, descanso, repouso...) não sei o que isso é, daí o “frio” do gelado, com um fio de chocolate quente para amenizar os meses e os anos de trabalho contínuo.
Posso ser um privilegiado pelo facto de desempenhar, agora, funções com pouco desgaste físico e mental, mas sempre faço qualquer coisita, e só de pensar o que hei-de “fazer para o jantar” das miúdas, fico cansado – imaginem quando tiver de ir para a cozinha!
Entretanto, como não tenho férias, ocupo as horas vagas com alguma literatura “interessante”, quanto mais não seja para estar a par do que vai acontecendo nos mundos que não frequento.
Então, vou de notícia em notícia em busca das últimas novidades, mas como são imensas, baralho tudo, fico confuso.
Dos temas de capa por onde passei a vista, retive um que, gostosamente, partilho com os meus eventuais leitores: a Rita Ferro Rodrigues, (sabem quem é?...) anda de amores com um tal Filipe Terruta (conhecem?), que já foi namorado da Elsa Raposo e da Fernanda Serrano! Interessante, muito interessante a notícia… E importante! O rapaz deve ter a força do Tarzan, a beleza do Alain Delon, e o “charme” do Bruce Willis (está tudo na Net, não fui eu que disse…)!
É por causa de notícias assim que o preço do petróleo está sempre a subir, a subir…
“Socorro”, preciso de férias!!!

31 de julho de 2006

FERNANDO VALE

Se fosse vivo, o "Mestre que ensinou a arte de sonhar", Fernando Vale, teria feito ontem 106 anos.

25 de julho de 2006

O Francisco



O pai afirma que será o fututo "craque" do Benfica! Cá por mim, nada de pontapé na bola: o Francisco vai ser vedeta de cinema lá pelas américas, que é o sítio onde se ganha uma pipa de dólares e ainda se conseguem outras benesses . A ideia é fazer deste "galã" outro Bill Gates!!!
Pois, não faço a coisa por menos...
(Aqui para nós, não acham o Francisco parecido com o avô paterno? Xiuuuuuuuuuuu, falem baixo...).😊

14 de julho de 2006

“Elementar, meu caro Watson”


A minha cidade não me dá grandes motivos para uma croniqueta caseira.
Quando soube de um “caso rocambolesco”, esfreguei as mãos de contente mas, sem saber como, alguém me “roubou” a notícia; mesmo assim, não quero deixar de recorrer à grande Agatha Christie para tentar repor toda a verdade!
Como sabemos, a autora é famosa pelos seus livros policiais, daí que os “mistérios”, segundo o seu raciocínio, deixem de o ser quatrocentas ou quinhentas páginas depois do crime ter sido cometido. Foi com esta ideia fixa (desvendar o mistério!) que me preparei para encetar o relato da coisa, mas o correio electrónico trouxe-me o assunto muito bem escrito mas sem identificação do prosador.
Perante tal despautério, agora só me apetecia escrever uma carta aberta para que fosse lida por quem de direito, onde procuraria defender os meus direitos, ou os direitos das minhas “fontes de informação”. Passo a explicar:
O caso a que me reporto tem a ver com um pneu (de automóvel). Um amigo, conhecedor da matéria, nem esteve de modas e logo ali, na hora, disse:
– Aí está um belo título para best-seller: “ O Crime do Pneu Furado”!
Como a novidade era só minha (pensava eu…), jamais me passou pela ideia que alguém a usurpasse e do modo como o fez. O título não foi usado, presumo não ter sido o meu amigo o “traidor” (não o tenho nesse contexto, mas enfim…).
Quanto à “estória”, como se presume, estou danado com o “roubo”da dita.
O que se passou foi muito mais grave (digo eu) do que um simples furinho no pneumático da viatura. Vejamos:
1.º Os pretensos criminosos seriam quatro e estavam na noite indevidamente. Àquela hora, quase manhã, os jardins não são locais propriamente decentes, recatados e fofos para repousar o físico; se estivéssemos a falar da alma de um qualquer romântico, ainda vá que não vá, mas não era o caso, segundo a minha “fonte”…
2.º Ao grupo deve ser acrescentada uma outra figura de mamífero, de que ninguém fala: o cão, ”Boby” de sua graça, não estava presente quando os outros animais de “duas patas” foram colocados perante a autenticidade do grave delito.
Onde estaria o “Boby”? Que teria feito, entretanto, ao abrigo da escuridão?
Face a estes relevantes pormenores, não se pode ajuizar de ânimo leve, porque o “crime”, como deixei perceber, não se limitou a um pneu vazio: anexo à roda da viatura estava um “xixi de cão”, toda a gente exalou o seu cheiro, mas isso não foi referido na notícia que alguém espalhou como um boato com perna comprida.
A quem interessou ocultar o facto?
Longe de mim insinuar ter sido A ou B o autor do nefasto delito, mas se bem conheço a estratégia mental da insigne escritora, o criminoso é facílimo de localizar… na “estória”!
Mas se as congeminações de Agatha Christie não forem suficientes, posso recorrer à “lógica científica” do mestre Sherlock Holmes que, perante as evidências, dirá:
- “Elementar, meu caro Watson”!

11 de julho de 2006

Boa noite!

Por sugestão de um amigo, venho dar sinal de vida. Reconheço o meu descuidado "boa noite" como cumprimento formal; enfim... mil perdões por esta prolongada ausência.Prometo voltar "às lides" em breve ( se tiver engenho e arte!), por isso, até lá!

29 de junho de 2006

Há por aí uma festarola?

A "senhora" veio de mansinho, instalou-se, e fez questão de dizer que veio para ficar.
Por mim, quero vê-la bem longe do meu canto, não gosto dela, é o que é...
Depois, aqui à volta, nem uma sardinhada à moda antiga, umas febrinhas, sei lá...
O vinho é de estalo (digo eu...) mas não vai muito bem com o queijo da (minha) serra. Por isso, queria sardinhas, febras ou frango"churrascado" para ter um aconchego de estilo.
Se fosse à borla, melhor - a carteira agradecia.
Se houver uma festarola não vou faltar, feito “emplastro”, com a alegria do costume, mas não acontece nada, anda toda a gente receosa...
- Ai a crise, ai a crise!!!

16 de junho de 2006

Uma ideia (pouco) brilhante

Prometi e vou cumprir.
Eis a croniqueta que fiz publicar:
...
"Não que eu seja patriota cego surdo e mudo, capaz de olhar o mundo como os asnos quando usam viseira: o horizonte visto do alto da serra da Estrela não (me) limita o Universo, tão pouco o mar das praias da Figueira “termina” na terra prometida, embora se saiba que, do “outro lado”, existem as Américas…
Portanto, português sim, patriota sim, mas… calma, devagar – tenhamos bom senso e nada de exageros, principalmente quando reivindicamos o que não somos ou o que não temos.
Não somos, por exemplo, um povo “arrumado”, até nas ideias. E também não temos “grandes, geniais ideias”; as excepções confirmam a regra.
As coisas ditas assim, não parecem, mas são mesmo pensamentos radicais! Assumo este radicalismo idiota que por vezes tolhe as (poucas) ideias que gostaria de levar à prática, mas o melhor é deixar em letra de forma os motivos que me trazem a terreiro para esta luta de cegos, mudos e surdos – insisto!
Camões, dizem, inspirou-se na “Eneida” de um “tal” Virgílio e foi por aí fora, de pena em riste, num assomo de Portugalidade impar, escrever “Os Lusíadas”. Se foi ou não inspirado pelo poema épico de Virgílio, não vem ao caso – a “casualidade” advém do facto de ambas as obras enaltecerem as qualidades e o sucesso de um povo, ainda que a “Eneida”, segundo as más línguas, seja um texto político encomendado pelo Imperador César Augusto. Mesmo assim, o talento e o patriotismo do autor ninguém (?) põe em causa.
Já o nosso Camões teve a desdita de “andar por África, Macau… por aí”, coitado, feito amante, escritor e guerreiro, magro de finanças, declamando os seus poemas e esmolando uma tença.
Como se vê, a única (?) diferença entre os dois talentosos autores reside nesta coisa “sem importância”: um escreveu a “Eneida”com o alto patrocínio do Imperador, o outro cantou os feitos gloriosos dos Portugueses sem a ajuda de umas míseras moedas que lhe garantissem a aquisição das penas de pato com que escrevia, e muito menos o sustento.
Outros tempos…
Uns “anitos” após o seu passamento, um iluminado cidadão (honra lhe seja feita), entendeu que o dia 10 de Junho, data da morte do poeta, no futuro, seria lembrado e comemorado como o “Dia de Portugal”.
A História é escrita de trás para a frente: hoje, oficialmente, é considerado o Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades. Assim, ao Camões e aos feitos dos portugueses de antanho, anexou-se a imagem dos milhões de portugueses que mourejam pelo mundo. Tem lógica, e de uma penada “escreve-se” um País naquilo que temos de mais sublime: por um lado, a saudade dos familiares e amigos distantes, por outro, a honra do que fomos e somos como Nação independente!
Como se não fosse bastante juntar Camões e o ser português na essência Universal, atrevo-me a um “cocktail” ainda mais apetitoso e “misturo” um “sujeito, pouco conhecido”, que deu pelo nome de Fernando Pessoa. “Parece que escreveu” uns “livritos”, fez uns poemas e deixou para a posteridade umas quantas frases que se vão fixando como lapidares. Lembro-me de uma, com que me identifico enquanto português “cidadão do mundo” com vivência africana e cultura europeia:
A minha Pátria é a Língua Portuguesa”!
Estamos em Junho. Lembro-me que em tempos desfilei de camisa verde, calções de caqui e bivaque castanho na cabeça, desde o ex Liceu D. João III até à Igreja de Santa Cruz, em Coimbra. Chovia imenso e éramos muitos naquela estranha. “tropa” . Apesar disso, senti-me honrado por ter participado no desfile – era o dia da Pátria, que a professora Georgina ensinara a amar!
Mudam-se os tempos, mudam-se… os ideais, talvez o patriotismo, de certeza o amor pela língua pátria, e nem vale a pena recordar Camões, Pessoa, Eça, Torga…. a (minha) professora Georgina., o (nosso) historiador Pina Martins…
…Na edição online do dia 8 do C.B.S. li que o Deputado Municipal, João Dinis, protestou, publicamente, contra a realização da “1ª Festa do Inglês”, que teve lugar a 10 de Junho, frisando que “… aquela iniciativa do município oliveirense no dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, é “completamente descabida…”!
Pois.
(E prontussss: a ideia foi bué da fixe e o people curtiu)"!

9 de junho de 2006

"Admirem-se " comigo~...


Sua Excelência o Senhor Presidente da Câmara Municipal do meu sítio, homem de muitas ideias e afazeres, entendeu que amanhã, dez de Junho, se deve realizar a "1ª festa do Inglês no 1º Ciclo de Ensino Básico”!
Dia de Portugal?
De Camões?
Das Comunidades?
Nada disso - vamos é aproveitar o feriado e botar estrangeiro pela boca fora!
E prontussss: a ideia é bué da fixe e o people curte!
(Isto de ser portuga tem que se lhe diga.Voltarei à "festa", prometo) ...

29 de maio de 2006

"Su"



O "destino" deu-me a conhecer um blog que, por momentos, se transformou numa "ponte entre o agora e o ontem". Não resisti: numa fracção de segundo, "transportei-me" para a marginal da Baía do Espírito Santo e disse:

"... Vim do "nada" para viajar pelo seu mundo (...) e prometo voltar - regresso sempre, quanto mais não seja num "voo picado" até à outra margem! De lá, contemplo a saudade das minhas memórias, olho o mar e os barcos em porto seguro; mais à direita, um esqueleto de betão...De volta, olho o céu: a noite está para chegar, o sol esconde-se e deixa na retina imagem única. E há sempre uma palmeira que figura nesta tela do Grande Arquitecto do Universo.Ando um pouco, a estrada é plana, e num ápice chego ao "Continental". Peço uma "cola".E por ali fico, minutos perdidos num tempo que já foi meu - agora ( o tempo) é todo seu. Um dia destes, "ofereça-me" uma flor da acácia... do seu tempo".
De forma singela, saúdo o oxigénio da "Su".
(Fotos de Anibal )

28 de maio de 2006

.'.

Estou "vivo"!
Prometo dois dedos de prosa humilde e pouco sapiente entre o "meio dia e a meia noite".
Para quem for "livre e de bons costumes", um TFA.
____
P.S.
Ah... deixei-me de "raivinhas" - progredi nos "sentimentos".

15 de maio de 2006

Confesso...

Apetece-me escrever a "metro", noite fora, quanto mais não seja para decarregar a minha "bílis" - espécie de "raivinha", já de si miúda, a raiva - e aliviar os pensamentos desta madrugada. Eu, que tenho a sublime mania e o péssimo defeito de ser prior da minha paróquia, dou comigo em plena confissão - logo eu, que seria agora, sei lá, no mínimo Bispo, caso tivesse seguido a carreira eclesiástica, tal a disponibilidade para ser fiel depositário dos achaques de terceiros!
Portanto, pecador de "raivinhas" me confesso.
Em tempos recuados adoeci da mesma maleita - venha a penitência (i) merecida.
("Branco ou tinto", tanto faz - quero o copo cheio!).

14 de maio de 2006

Apenas o refrão...

Porque é Maio,
mês de rosas, amores
e outras cantigas,
posso ser o refrão da tua primavera
no meu outono?

9 de maio de 2006

"Má Língua"

Talvez se lembrem de certo programa da SIC que tinha o nome sugestivo de "Noite da Má Língua"!Nesse tempo, tinha tempo e via todos os tempos de antena dos quatro canais; esse tempo foi, de facto, um tempo fantástico, sobretudo pelas intervenções saborosas do eloquente MEC (recordam-se do Miguel Esteves Cardoso?).
Noites ( e dias...) assim , de má língua, há com fartura por aí fora. Então na minha cidade...
Peguei no tema, escrevi uma "croniqueta", e aqui vai parte dela, com a saborosa ilustração do amigo Paulo Ribeiro...

(...) Cidade em vias de crescimento, dirão uns, cidade sem estruturas que mereçam tal epíteto, dirão outros. Por mim, dou de barato estas e outras opiniões porque, agora, trago à liça assunto não menos importante, do meu ponto de vista; refiro-me à má-língua que campeia por cá..
Os meus (minhas) conterrâneos/as gostam de rotular as pessoas e as coisas de ânimo leve, a tal ponto que, por vezes, dou comigo a pensar se não estarei noutra era … e numa aldeia onde as comadres “fazem renda” com a vida dos vizinhos. O boato tem perna comprida, propaga-se em velocidade supersónica, e por este andar, não há rotundas e passadeiras que travem a marcha à má-língua.
Se os leitores desta “croniqueta” esperam por exemplos (que não são necessários…), tirem daí o sentido, não vou “lavar roupa suja” - apenas aproveitei o mote para dar lhe corpo (nunca “alma”!) e citar parte do que escreveu uma jovem num “artigo de opinião” em página virtual.
Diz a “Anita” (?), treze anos de gente pequena, que um dia vai ser grande:
(...) Se eu pudesse voar, ia para longe daqui, desta terra, pouco feia mas com muita maldade e gente "alcoviteira"! Então, a "catolicidade" das pessoas é incrível. (…); o que eu gostava era que, tudo aquilo que eu falo das pessoas elas falassem de mim, ou seja, NADA!!! Mas para quê lamentos? Não serve de nada…. As pessoas não vão mudar! (…) E aquele ditado "nas costas dos outros vejo as minhas", tanto o posso encarar como verdadeiro ou não (…). Concluo, assim, um GRANDE desabafo.
A “Anita” quer ser feliz na terra onde nasceu, apesar de tudo…
Eu, teimoso me confesso: a paixão tem nome de gente - é aqui que “vou ser feliz”, espero!

4 de maio de 2006

Pouco e devagar...

A vida tem tempos assim: quando há novos afazeres, a disponibilidade das horas encurta...
Assim sendo, procuro equilibar os espaços vazios na minha mente de modo a entrar num ritmo novo; depois volto à rotina (espero...) e vão sobrar minutos de qualidade para rebuscar ideias.
Nao quero, de todo, ficar sem este convívio sadio.
Escrever (aqui) pouco e devagar vai ser a constante destes próximos dias.

29 de abril de 2006

...As pessoas vieram vestidas de "abril" para ouvir os sons do "Zé " Augusto, Luís Antero, Sérgio, Vieira, Almeida Jr. e Álvaro Assunção (também autor das pinturas que ornamentam os espaços nobres... ).

Cantigas de Maio em Abril

A festa foi bonita, "pá"!

28 de abril de 2006

"Pequena que um dia vai ser grande"

Sei de uma menina com resposta pronta sempre que alguma questão lhe é posta.Um dia falei-lhe sobre o "pecado"; segundo o meu conceito do dito, "o pecado está na nossa consciência" - opinei!
Dias depois, voltei ao tema e a menina , de chofre, disse:
- Para mim o pecado é tudo aquilo que gostariamos de fazer e não fazemos porque não podemos ou não devemos!
A menina tem 13 anos, é óptima aluna, empreendedora nas coisas a que se dedica, e como "resposta pronta" para (quase) tudo, construiu o seu "blog". Convidou-me para uma visita, que fiz com gosto.
E a "Anita" escreveu:
...
"Eu, uma pequena (que um dia vai ser grande) rapariga, tenho pensamentos pequenos (mas que
um dia vão ser grandes), até porque com a minha pequena (que um dia vai ser grande) idade, não se deviam ter estes tais pequenos (que um dia vão ser grandes ) pensamentos...Toda esta pequena (que um dia vai ser grande) lógica serve para eu explicar que conheço um senhor grande (que um dia foi pequeno) que tem uma pequena (mas que para mim é grande) teoria, que consiste em que, o mundo dos "grandes"(que um dia já foram pequenos) é cheio de pequenas (mas grandes) complicações. Mas eu, com a minha pequena (mas que um dia vai ser grande) cabeça, que tem pequenos (mas que um dia vão ser grandes) pensamentos, tenho uma teoria melhor (mas não maior), que consiste em que se nós os "pequenos"(que um dia vamos ser grandes) não temos essas pequenas (mas grandes) complicações, leva-me a pensar que, se calhar não será dessas tais grandes (que um dia foram pequenas) cabeças, que tornam "coisas" (que na realidade são pequenas) numa "coisa" grande, só para ficar proporcional à sua grande cabeça?! Fica a pergunta no ar...
Termino a minha pequena (que não deixa de ser grande e boa) teoria.
Aceitam-se pequenas (mas que para mim serão grandes) sugestões...
E um pequeno (mas especial) beijinho para o tal grande (que um dia foi pequeno) senhor!****"

20 de abril de 2006

Adolfo Rocha



O distinto médico Adolfo Rocha andou pela minha serra e dela fez poesia.
Na imagem, o mobilário do seu consultório.
Falta dizer o nome com que assinou a sua obra literária (embora seja, de todo, desnecessário...) :
Miguel Torga!
.....

"Quem faz o que pode, faz o que deve" - disse

16 de abril de 2006

De novo Abril!


O cenário está pronto,
os músicos apalavrados,
e até o Vieira dirá poesia do Zeca
- tudo nos "conformes" para não esquecer as flores de Abril,
cravos , rosas,
pensamento, intervenção cívica,
barbas e cabelo comprido,
a malta da Lisnave na "cabrinha" numa "luta de classes com doses de tigres" e cerveja até fartar,
baladeiros e cantores, poetas, músicos,
greves,
Alentejo, reforma agrária,
África, retornados,
raivas, medos, amores e desamores,
paises novos,
sangue, lágrimas...
Eu sou um pouco de tudo isto neste Abril sem dono.
A festa promete!

10 de abril de 2006

O belo do "todo"

Gosto de visitar algumas páginas deste universo de partilha de ideias e imagens.
Uns dias pareço viajante sem destino certo!
Outras vezes basta-me apenas uma (página) e fico cheio do belo que emerge das palavras.
O cinzel, nestes casos, utilizado por mãos de mestre, honra o Grande Arquitecto do Universo - somos parte desse todo.
________
À memória do Ir.'. Fernando Vale, que me honrou com a sua sabedoria e amizade fraterna.
O dia de todas as lembranças...

5 de abril de 2006

"Memórias"


A noite está demasiado sossegada.
A minha cidade tem muitas noites como esta, recolhe-se cedo, mas aqui, no meu "universo", de tecto negro e paredes claras onde repousam quadros do Rui Monteiro, iluminados por luz branca e directa, o som que me chega aos ouvidos vem do dedilhar das cordas das violas. São dois os artistas, dois os instrumentos: uma Fender e uma Ovation que se completam como dois amantes apaixonados; à suavidade das cordas de nylon sobrepôe-se o timbre do aço no solo de peças musicais tão clássicas quanto a minha mente consegue catalogar no tempo: "Guitar Tango", "Apache", "The Savage"... e mais e mais!!!
Os " Shadows" foram e são o meu grupo musical de eleição e deles guardo "quase tudo", desde os primórdios dos seus verdes anos à década de oitenta - outra época de ouro nos arranjos de "Themes & Dreams", por exemplo.
Só o Hank Marvin poderia fazer, agora, com que me sentisse jovial no sossego do meu mundo e num tempo "quase perfeito"!
...O Sérgio e o "Zé" Augusto às vezes têm destas memórias entre dois whisky's.
Se a capicua aqui estivesse, havia de sorrir com o solo romântico de "Midnight"...

31 de março de 2006

Imaginário

...cores do Rui Monteiro (Solo)
*
Um dia a Ângela poderá fotografar um quadro nunca visto:
cores do Rui Monteiro,
música do Rui Marques e
palavras da Raquel
farão salientar o imaginário da rosa vermelha a sorrir para a raposinha!

30 de março de 2006


Agora eu sou a rosa! A raposinha gosta delas vermelhas...
*
(gentileza de um "ritualista" a merecer uma visita em www.tibeu.blogs.sapo.pt)

29 de março de 2006

Se eu fosse a "rosa", também havia de sorrir...

Na minha cidade há um jardim com uma roseira ao meio;
de tão pequeno no formato, o jardim mais parece um canteiro.
Mas é um jardim
porque todas as roseiras crescem em jardins e nunca em canteiros
- os canteiros não merecem uma rosa que seja, quanto mais uma roseira com uma dúzia ( ou mais!) de rosas da mesma cor!
No jardim ,
que mais parece um canteiro,
não existe nenhum sinal proibitivo
que me iniba de saltar por cima de uns arbustos mal tratados
e surripiar uma rosa da roseira
que está no meio do jardim
( que mais parece um canteiro...).
E foi isso que fiz, numa noite de Agosto.
A rosa sorriu
e ficou feliz por ter ido parar às mãos da raposinha!
Se eu fosse a rosa, também havia de sorrir...


26 de março de 2006

A "ratoeira"

Isto de andar a "pregar" aos quatro ventos que a "falta de coerência do homem é o seu pior defeito", e que o Torga disse um dia que quem faz o que pode faz o que deve, deixa-me num beco sem saída, portanto:
1º. tenho de ser "coerente" e responder ao desafio de "Outro Olhar" - uma verdadeira "ratoeira", convenhamos!
2º. se o Torga é um dos meus "gurus", há que ser fiel aos seus valores e princípios: "farei o que posso, para fazer o que devo"...
Comecemos, então, pelos quatro empregos que tive na vida.
Naturalmente, estudante, embora isso não possa ser considerado um "emprego", mas sempre foi um começo na aprendizagem das coisas da vida. A sério a sério foi a minha primeira experiência profissional como decorador de montras (que acumulava com o liceu), depois fui funcionário público , militar "à força durante três anos e meio" ( a tropa seria mesmo "um" emprego?), chefe de secção, mas de tudo quanto tenho feito na vida, o jornalismo foi (é!) a minha grande paixão.
Quatro filmes que posso ver de novo. Hummmmmm.... deixem-me ser romântico (mas não "trôpego"...) e nostálgico : "Música no coração", o nosso "Costa do Castelo", e outros mais velhotes: "A Verdade" e "Bocaccio 70".
Quatro sítios onde vivi. A aldeia onde nasci - marco importante pelas recordações de infância. Fui Homem em Moçambique e isso diz tudo sobre outra paixão (Lourenço Marques, Inhambane,Xai Xai...)!
As Séries de Televisão que não perco. Pois..."Sic Notícias", "RTP N", "Travel" e... "RTP Memória". Sempre ao corrente do que se passa no mundo; no "Travel" não há guerras de homens, e nas "memórias"... é bom saber que "vivi" isto e aquilo e, em alguns casos, até fui interveniente directo em coisitas que revejo com "raiva" ou prazer, depende...
Quatro sítios onde estive de férias.Toronto, Jerusalém, Paris e... Pomene (Moçambique, claro...).
Os meus pratos favoritos.Camarão, camarão, camarão.... e um cozido à portuguesa também
não é mau!Ah... e uma iguaria da minha lavra também é de comer e chorar por mais: "Princesinha"!
Quatro websites que visito todos os dias.Moçambique: "MGM", "Rogertutinegra"e "Imensis". Deste lado do mundo, a verdadeira bíblia do Desporto: "A Bola". Sempre!
Quatro sítios onde gostaria de estar (voltar) agora: em qualquer lugar de Moçambique, às cataratas do Niágara, e à Catedral de Colónia; por cá, talvez...Vila Nova de Milfontes e ao barquinho da São para um passeio em águas mansas, de preferência na companhia da minha "capicua"...
Visto ter "desnudado" parte da alma em liberdade (de pensamento), vou além do "obrigatório" e penso numa mão cheia de amizades, sem as quais a minha existência seria mais pobre.
- Pensei!...
Agora, convidar "bloguistas" que possam dar continuidade a esta espécie de "corrente".... sei lá, mas se a "Memória de Elefante", "Voando por aí", "Sereno Violino", "Outros sons","...SE numa noite de Inverno" e "Fases da lua" aceitarem, ganhava a aposta que acabei de fazer comigo mesmo.
Veremos quem "vence": eu, ou ...eu!!!

22 de março de 2006

"Estórias" (3)

O Lidington ( perdi o primeiro nome, mas arrisco Luís, e calculo que é hoje Chefe dos Escuteiros...), ao fim de semana, dava boleia no seu Volkswagen a três recrutas. Do alto da sua "sabedoria" ( que a tinha...) filosofava palavras rebuscadas enquanto dava fumaças no cachimbo. Uma vez, empolgado com o monólogo, acendeu o fornilho, encheu a peitaça de fumo e, descontraidamente, atirou o cachimbo pela janela e ficou com o pau de fósforo na mão...
Depois... os quatro soldados do Exército Português foram "apanhados" de cócoras no meio do capim pelo Comandante da Companhia... em busca do cachimbo perdido.

Eu, "poeta"

"... - Olá, bom dia! - disse ele.
Era um jardim cheio de rosas.
- Olá, bom dia! - disseram as rosas..."
( O Principezinho)
*

21 de março de 2006

Se eu fosse poeta...

Hoje, se eu fosse poeta, a Mulher seria o poema da minha vida porque...

"...nasci de uma mulher,
fui criado por duas,
e vivo em função de três".


___________________

Natália Ana Rita, com amor
(no Dia Mundial da Poesia)

18 de março de 2006

"Estórias" (2)

Levei os dois irmãos ao futebol. O Hugo, aluno da escola primária, estava encantado com o ambiente de festa. Mal o jogo começa, pergunta ao irmão, uns anitos mais velho:
- Mano, eles "mudam de campo aos quantos"?

17 de março de 2006

"Estórias" (1)

Na entrada do prédio onde em tempos morei, havia uns vasos enormes com plantas naturais. Um dia, o Nuno ( Carlo), que teria uns seis anitos, disse-me que ia semear caroços de laranja num dos vasos. Incentivei-o, mas reparei com surpresa que recuou na ideia:
- Pois é, pai, mas depois as pessoas roubam-me as laranjas...

13 de março de 2006

"INSOMNIA" com "memória de elefante"!

Quando o tempo permite, ando por aí, viajo pelos pelos "blogs" dos amigos que me visitam, descubro outros, e não posso deixar de os acrescentar aos meus favoritos quando de facto me revejo naquilo que leio.
Certo dia "descobri" uma senhorinha com veia de artista. Imagino-a esculpindo a pedra bruta; perante uma tela vazia adivinho-a na fimeza do traço, nas cores fortes; acredito que seja capaz de escrever suave melodia para piano e orquestra, um requiem...
Enquanto não lhe conheço (as) outras virtudes, encanto-me com as "meias palavras nas entrelinhas" de cada texto.
Entre a tristeza e a nostalgia, sorri - sente-se! Depois, o "secreto dos seus segredos " parece ter características de um vulcão prestes a explodir...
Mais cedo do que imagino, compro o " livro" e peço à Raquel um autógrafo com dedicatória...

11 de março de 2006

9 de março de 2006

"O rei ia nu"!!!

Dr. Mário Soares: inacreditável a falta de sentido democrático, hoje, na Casa da República!

"Cocktail"

A Isabel trouxe uma amiga, escolheram uma mesa de canto e pediram uma cerveja e um cocktail; o taberneiro sugeriu "Abadia", servida no cálice característico da marca, e sobre as "misturas" falou das suas invenções. A amiga da Isabel pediu coisa desconhecida(?), mas adiantou que o composto levava vinho tinto aquecido, uma rodela de laranja, um pouco de canela e uma pitada de cravinho - de fácil preparo, acrescentou.
- Intragável - pensei.
Vieram as bebidas e a Isabel, sorridente e bem disposta, sugeriu que provasse a mistela, o que fiz por simpatia.
Para o meu palato, simplesmente horrível!...
Não dei parte de fraco, corri à copa e bebi um enorme copo de água.
A noite ia alta.
Depois de saborear com deleite a beberagem, a amiga da Isabel pagou a conta e saiu.
A Isabel ficou no mesmo lugar, mas à segunda cerveja, decidiu-se pelo balcão e por ali ficámos em amema conversa.
Procurei ser bom ouvinte de estórias intermináveis, sem comentários: ontem era a noite de "todos" os desbafos!
Veio outra cerveja.
Falámos de terras no "fim do mundo", de viagens feitas, de sítios que "adorávamos conhecer", de amores e desamores...
A Isabel deixou de olhar de frente, e quando voltou a fazê-lo, trazia os olhos molhados, não sorria, como sempre faz...
A hora era tardia - concluimos que o momento era o menos próprio para recordações que se desejam perdidas e esquecidas. Para sempre!
Ponto final.
.... E fiquei sem saber o nome do cocktail que, pelos vistos, é típico de paises frios, como a Holanda - é o que me diz a Rita, "farta de água" e cansada da neve!
Para estas duas amigas, o " sol português não as deixa" voltar às origens!...
...
No próximo serão, pode ser que outro cocktail seja mais saboroso...

4 de março de 2006

Pé de dança

Acordei na confusão de um sonho onde as personagens eram díspares entre si: havia soldados romanos trajados de capa e batina, estudantes disfarçados de camponeses, os
políticos eram querubins e o povo anónimo, com a máscara de sempre, dançava embriagado pelo som da banda filarmónica – os músicos, não mais de uma vintena, vestiam com o rigor de um traje marcial.
Eu era mero espectador num espaço de todo desconhecido, mas tinha a consciência de “estar em casa”e aprestava-me para entrar no baile com uma moçoila que, desde o início do sonho, me fazia negaças com o olhar.
- A menina dança? – perguntei gentil, mas com o frenesi próprio da ocasião.
Entretanto, despertei!
A cena passava-se em Ulveira do Espital ou na cidade que agora se conhece?
A que propósito surgia um sonho alegre, contagiante ?
Os sonhos têm explicação lógica ou enquadramento real?
- Ah… o Carnaval, raciocinei – e tudo ficou mais claro, até os “disfarces”!
Naquela noite tinha privado com três “bruxinhas”, um Maio disfarçado em “duende” e o acólito Al Bano. Não fora festança de cansar, mas deu para sorrir, rir e gargalhar durante uma hora bem contada. Portanto, tudo se resumiu a brincadeiras de ocasião. Os bares e cafés encerraram portas às duas da madrugada – ainda a noite começava a espreguiçar-se – não houve tempo para mais. Por isso o sonho!
A “minha” cidade tem noites assim, “curtas de pequenas que são “ (o que contraria a vontade de a sentirmos vibrante e nada amorfa), deita-se cedo dia após dia, em qualquer altura do ano, e não há santo milagreiro que a salve desta desdita.
(...) Já divaguei que baste – vou tentar voltar ao sono. Pode ser que ainda dê um pé de dança.

1 de março de 2006

Chegou o Francisco!


Recebi uma mensagem que partilho, com muito gosto:
-"Olá, eu sou o Francisco e nasci no dia 24 às 23 h e 15 m com 2,65 kgs.Era só para nascer para o mês que vem, mas adiantei o serviço para ver o Benfica/Porto.Quando quiserem, apareçam lá em casa. Eu, a mamã Lurdes e o papá Carlo vamos gostar de os ver ".
A feliz notícia deixa perceber que os babados papás querem fazer do Francisco um adepto do futebol, e quanto ao clube... só podem vesti-lo de vermelho!
Por mim, faço outra leitura da mensagem: o Francisco veio brincar ao Carnaval, por isso chegou "mais cedo"!
Quanto ao jogo da bola, não creio: o Francisco tem dedos de pianista e é bonitão, o que deixa toda a família de sorriso rasgado! (Aqui pra nós: o Francisco é parecido com o avô paterno, mas não comentem com ninguém, não vá o compadre Manuel ficar enciumado...)
Meninas... cuidem-se!!!
Ah, falta a morada: na Lousã é só perguntarem pelo Francisco, qualquer pessoa indica onde fica a casa da família...