30 de setembro de 2008

Da lousa ao "Magalhães"




Com a reabertura das escolas, há um novo ciclo na aprendizagem das coisas com que os jovens hão-de enfrentar o mundo – um enorme mercado onde (quase) tudo se compra. Por ora, a festa está para durar durante mais uns tempos porque a alegria de quem reencontra amigos e colegas de faixas etárias semelhantes é contagiante. O conhecimento virá depois, durante meses de cansaço intelectual até atingir a meta no próximo Verão.
Debruço-me com alguma nostalgia sobre as descobertas dos mais pequenos no 1º ciclo (ex escola primária); às novas matérias juntam-se as brincadeiras que fazem de cada intervalo um momento único: à falta do pião e das corridas dos “arcos”, inventam-se outros jogos, mas a bola e a “macaca” continuam a fazer parte da lista que todos soletrámos no tempo certo…
A ocupação dos “intervalos” das aulas acompanhou a evolução das mesmas, já não há o papaguear dos rios e afluentes, das linhas-férreas e ramais, e até “cantar a tabuada” caiu em desuso, para o bem e para o mal na aprendizagem das “contas”. A professora Georgina, por exemplo, levava tudo muito a sério, e ai de quem não tivesse na ponta da língua “quantos eram 9 x8”!
A “minha” escola, por onde passaram milhares de alunos, continua de pé: uma sala de aula de cada lado, e ao centro a residência dos professores, encimada por um varandim em ferro que servia de púlpito à mestra nos intervalos mais prolongados:
-Meninos, pouco barulho, já lá para dentro! E nós, claro, obedecíamos porque tínhamos nos ouvidos os sons da régua quando vinha lá do alto “descansar” nas palmas das nossas mãos…
As “contas” eram feitas na “pedra” (lousa) com um lápis da mesma matéria, e no fundo da sala havia um mapa de Portugal para onde nos dirigíamos quando a professora assim o entendia.”Ir ao mapa ou ao quadro” deixava os alunos com tremedeira nas pernas porque a professora Georgina fazia-se acompanhar por uma “vara da índia”…para apontar e “espantar a ignorância” das nossas cabeças.
Uma vez, na quarta classe, confundi os feitos heróicos de Vasco da Gama e Fernão de Magalhães; o castigo não se fez esperar como era moda, por isso deixei de “ver com bons olhos” estas duas figuras dos mares nunca dantes navegados. Passado meio século, eis que um deles, o “Magalhães”, passa a ser motivo de conversa em tudo quanto é sítio, só que desta vez não me apanhou desprevenido: tenho um Toshiba, de quem é “primo”, e agora já não confundo as aventuras dos dois mestres marinheiros – o Google está ao alcance de um “click” e a resposta vem de imediato!
Se a professora Georgina fosse viva, apesar de rezinga, a sua competência de mestre-escola estaria à altura de utilizar as novas tecnologias em benefício dos alunos – disso tenho a certeza! – e eu, quem sabe, teria ido além da Taprobana se tivesse um “Magalhães” à disposição…
Agora (como antes, mas de outra forma…) já não há desculpas para ir mais longe “ sem sair de casa”! Portanto, façam o favor de viajar na nova “caravela portuguesa” na companhia das vossas crianças, com estas ao leme.

2 de setembro de 2008

Emoções em Agosto



Em Agosto o “país entra em dormência” e eu fico um pouco indolente, confesso. Como desabafou o nosso olímpico Marco Fortes, “…cheguei à conclusão que de manhã só estou bem na caminha”, mas tenho de me fazer à vida com os cheiros e sabores de Verão, coisa que o Outono fará sumir rapidamente. O melhor é seguir adiante, “realisticamente falando”, sem demoras nas palavras desta croniqueta para uma espécie de balanço pessoal de duas ou três coisas a que assisti, lendo, no finado mês.
Palavras tolas quando os “fortes de espírito” dizem que um homem não chora. Mentira – eu sou homem a caminho do termo de validade e sempre chorei, desde que as circunstâncias em que isso acontece façam parte de alguma das viagens que realizo, de dentro para fora de mim, com emoção e sentimento à flor da pele.
A imagem do Nelson Évora no pódio, de ouro ao peito, perfilado, sorriso de felicidade e olhos postos na Bandeira Portuguesa, ”Heróis do mar, nobre Povo Nação valente…”, fez soltar umas quantas lágrimas…
Com a imagem do “anjo” que emprestou a imagem à voz da pequena Lin Miaoke na abertura dos Jogos, na belíssima “Ode à Pátria” (chinesa), aconteceu (quase) o mesmo porque me emocionei com a candura do sorriso da menina. Fez ”playback”, soube-se mais tarde! Qual é o mal? Todos os cantores praticam o truque em algum momento especial; no caso, a Lin, infelizmente, por causa do marketing da estética do belo, limitou-se ao “travesti” da voz da jovem Yang Peiyi, que de facto gravou o tema
”Playback e travesti”, neste caso, são quase, quase a mesma coisa, mas…

Em Agosto, na Madeira, Alberto J.J. mostrou descontentamento com a política nacional pela milésima vez, e numa espécie de charada carnavalesca aventou a possibilidade de apadrinhar um novo partido político; sugiro, de forma inocente, que o baptize na Catedral do Funchal com o seguinte nome: união nacional!
No concelho de Oliveira do Hospital imperou o sossego no poder, que esteve de férias, e até a oposição foi a banhos.
Sem necessitar de “carta de alforria” o CBS.com (http://www.correiodabeiraserra.com/) manteve-se no seu posto de forma virtual e foi dando conta do que mais importante se foi passando em Agosto.
Leiam-se as últimas sobre esgotos, ETARs e fossas sépticas; por cá, os ventos não trazem a maresia do mar da Figueira da Foz …
Como se vê, em Agosto, só emoções – até o casamento da Liliana, que é cá da casa. À saída da Igreja, ela e o Bruno vinham “lindérrimos”, vaidosos e felizes. Parabéns ao casalinho