30 de novembro de 2005

Tenho "só" uma dúvida!

Falta assunto!
Hoje estou vazio de ideias, mas quero falar - falar, gritar, berrar a propósito de qualquer coisa, feia ou bonita, grande ou pequena, gorda ou magra! Mas nada é tema importante para honrar tão ilustre página; embora de negro vestida, é uma espécie de óasis neste deserto de ideias - das minhas ideias!
Ela, a página...
As ideias...
Então, quem manda o "sapteiro tocar rabecão" ?
Sem ideias, sem engenho, sem arte, como posso imaginar perspectivas de escriba ao comunicador que não sou?
Fernando Pessoa tem aniversário de morte anunciada; a CIA anda por aí a espiar as "alcovas" dos desordeiros da ordem e prende-os (faz muito bem...)!; Álvaro Cunhal, embora morto, é selo de carta de correio - e também se diz, segundo Pacheco Pereira, que foi culpado de algumas mortes políticamente necessárias.
E foi notícia a entrega (pelo mesmo Cunhal) ao KGB de quilos de informação desviada dos armários da polícia política!!!
Afinal, sempre há assunto/s!
E até eu sou assunto - fui assunto: a Segurança Social anunciou-me em carta timbrada que deverei"... efectuar o pagamento das respectivas contribuições, com base no escalão..." !
Portanto, a partir do próximo mês vou pagar mais!

E é justo que assim seja, derivado do facto, como diz o meu presidente de Junta, de ter sido "aumentado"!
"... com os melhores cumprimentos, P'o DIRECTOR ( assinatura ilegível)..." !
Quanta gentileza...
Tenho só uma dúvida: se sou patrão de mim mesmo, quem me "aumentou"?
Eu não fui!
E a minha conta bancária continua magra como bezerro em tempo de seca no Alentejo!







27 de novembro de 2005

Dr. Fernando Valle - um ano depois


Fernando Valle deixou de estar físicamente perto de nós há um ano. Passou ao Oriente Eterno no dia 26 de Novembro de 2004. Curvo-me perante a sua memória, respeitosamente, e deposito na campa rasa uma folha de acácia.
O Mestre que ensinou a "Arte de Sonhar" continua vivo!

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Este tempo de sim
Tempo de cada um por si e para si
Carreira ordem unida orelha murcha
Vida vidinha medo miudinho
tempo de chefe e chefezinho
Este é tempo outra vez de Portugal em inho

Eis senão quando vem Fernando Valle
Com seu cabelo branco e seu sorriso
Traz consigo uma velha trilogia
Liberdade (diz ele) E chegam guerrilheiros
Com suas armas e sua festa
Garret desembarca no Mindelo
Antero fala nas Conferências do Casino
toca sinos
E chegam carbonários
Sonhadores
A Rotunda o Relvas a República
Fraternidade ( diz) E aí estamos nós
De novo de mão na mão
Prontos para o combate
E para o não

Ouviremos o Torga
Seremos contra isto para ser por isto
Resistir é possível
pela esperança lúcida
É possível começar de novo

Porque ainda há Fernando Valle
Algures em Coimbra ou Arganil
Há ainda um velho capitão do povo

Com ele é sempre Portugal
E é sempre Abril
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Manuel Alegre

26 de novembro de 2005

Ao Presidente da República do futuro

Excelência:
Sei que V.Exª sabe que eu sei alguma coisa de finanças. E de Economia também sei.Se não soubesse, imagine como poderia governar o meu sítio, a minha casa, já que os negócios estão em crise, há sempre coisas para pagar, ennfim, V.Exª. sabe como é.... mas se não sabe, devia saber, porque eu sei quanto custa estar vivo; por vezes falta-me a vontade de sorrir, mas pronto, tento, com a ajuda da rosa que é margarida, ou da "anja" que me visita, lá para o fim da tarde, e da ritocas que é chata que se farta, mas enfim... O dinheiro é pouco, como V.Exª. imagina ( ou sabe...), portanto faço das "tripas coração" e penso, invento, pesquiso - torno-me num verdadeiro e autêntico "Einstein", quiçá merecedor de uma comenda um dia destes, se V.Exª. estiver atento ao meu esforço para continuar... com alguma qualidade de pensamento!
Assim sendo, desejo partilhar ideia luminosa (sem intenção de pressionar V.Exª., é bom de ver; V.Exª não é pressionável...) que, eventualmente, pode resolver as graves questões económicas e financeiras do nosso País.
Como V.Exª. sabe, o meu presidente de Junta diz coisas - está sempre a dizer coisas, aliás - e ele disse que em "casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão". E se ele o disse, é porque é verdade, ainda que desconheça se na sua casa (dele) há pão com fartura, ralhos, razão - isso tudo, senhor Presidente. Então, pensei: se tivessemos um novo Sebastião (com ou sem dom, não é importante para a ideia) capaz de comandar as nossas tropas, iamos todos por aí fora, atravessávamos fronteiras, e caíamos em cima dos espanhóis sem eles darem conta, dada a "visita" ser inesperada! A vitória era mais do que certa, creia.Depois, era simples: anexavamos Olivença e o resto, cortavamos o arame farpado da herdade do sr. Zapatero, aquilo ficava só uma nação, V.Exª. passava a presidente de um país um pouco maior ( ou rei, talvez...), e pronto - acabavam-se os nossos problemas!
V.Exª sabe, e eu também sei, que por lá sempre se ganha mais um bocadito, o que significa que há pão; e se há pão, ninguém ralha - todos têm razão! E há touradas com fartura, flamengo, a ETA, que também diz ter razão, etc. etc.
Bem, com aquela gente que anda sempre com bombas que fazem "pummm!" e matam pessoas, era mais complicada a conversa, mas sempre podiamos argumentar com a experiência dos Filipes por cá, durante uma temporada bem larga, agora seria a nossa vez de mandar, etc e tal...
A minha ideia não inclui derramamento de sangue, tiros, nada disso: iamos de diálogo em diálogo até à vitória final.
Há, porém, uma cláusula a ser cumprida por ambas as partes: V.Exª seria o presidente, mas a bela da princesa Letizia seria rainha - é a minha preferida, como V.Exª sabe, e só por ela, agora, não me importava de ser "espanhol"... sempre ia ao "beija mão"!
Mas como me orgulho de ser portuga, a ideia que lhe deixo tem (também) a finalidade de fazer da bela senhora uma cidadã nacional.
Se V.Exª tiver a ousadia e a coragem de D. Sebastião, conte comigo, serei seu fiel escudeiro! Mas cuidado: anda por lá um desconhecido que dá pelo nome de Miguel de Cervantes, conta estórias , e escreveu um livro enorme, que ninguém lê, sobre outro sebastião a quem chamou Dom Quixote - não vá ele querer os meus serviços e fazer de mim o seu Sancha Pança...

25 de novembro de 2005

"O Europa"

Gostei da gentileza do "Europa" http://www.europabar.net. A página merece uma visita- vão gostar!
Fica um abraço e a promessa de um "copo em família".

23 de novembro de 2005

Cartas ao pai Natal

Recebi este "mail", que partilho convosco.
Honra ao autor/a!
...Por favor... sorriam :-)
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De Mário Soares:

Acordei agora da sesta. Tive um sonho original.
Conversei com a Maria
E achamos que não é sonho
Mas uma ideia genial!
Já fui ministro, primeiro-ministro
E duas vezes presidente deste país
Está na hora de mudar de ares
Aceitar novos desafios
Levar mais longe o nome de Portugal
Ou o meu nome... Como sempre quis.
Como tu tenho já uma certa idade
E no ventre a mesma proeminência
Decidi que para o ano quero ser o Pai Natal.
Portanto...
Olha pá faz as malas. Desocupa a Lapónia.
Vou ser eu o Pai Natal.
Tem lá paciência.

Assinado: Mário Soares
(Ex-deputado. Ex-Primeiro Ministro. Ex-Presidente da Republica.
Ex-Deputado europeu. Futuro Pai Natal)
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De Manuel Alegre :

Pai natal quando voares nos céus da minha Pátria
Quando aterrares as renas nas planícies do meu País
Lembra-te desta carta, pedido singelo
De um homem que só para a Pátria pede
Para si... Nada quis.
Se o nevoeiro que levou D. Sebastião
Te fizer perder o rumo e baralhar o norte
Segue o cheiro a verde pinho
Ouve a minha trova no vento que passa
E chegarás às chaminés do meu país
Pátria desafortunada. Sem euros. Má sorte.
Numa das chaminés de Lisboa
Sentirás o odor e verás o fumo negro da traição
Que o teu trenó sobre ela paire
Que sobre a chaminé de Soares a tua rena páre
E solte bosta. Um imponente cagalhão.


Assinado: Manuel Alegre
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De Francisco Louçã:

Isto não é uma carta!
É um manifesto. Um protesto. Uma petição
Assinada por dezenas de intelectuais
E outras pessoas que jamais
Se reviram numa festa
Bacanal
Orgia de oferendas
Dadas sem qualquer critério
E que perpetuam uma tradição
Caduca. Reaccionária. Clerical.
Que tu representas oh pai do natal.
Com esta petição pretendemos
Que a data seja referendada
Não imposta, decretada
Por um estado economicista e liberal
E que seja celebrada quando um homem quiser
Não à roda da mesa. Consoada.
Mas num portuguesíssimo arraial.

Assina: Francisco Louça
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De Anibal Cavaco Silva:

Excelentíssimo Senhor Doutor Pai Natal
Venho por esta via pedir para a minha Maria
O Kama Sutra, versão condensada
Não sei se a minha Maria teria
Para a versão completa e ilustrada
Suficiente pedalada.
Eu para mim
Por ora nada peço
E de momento nada digo
Não abdico do meu direito de manter o suspense
E de fazer tabu do meu posterior pedido.
Mas.... E só isto adianto
Não preciso de Viagra
Para acompanhar a minha Maria na leitura
Do acima citado livro
Que teso e hirto ando eu sempre
Não precisando por isso de muleta
Ou qualquer outro suplemento
Para manter a rigidez
E o meu porte sobranceiro.
Despeço-me atentamente economizando palavras
Porque como vossa Excelência sabe:
Os tempos são de crise e tempo é dinheiro.

Assina o Professor Doutor:
Cavaco Silva
__________________
De Jerónimo de Sousa:

Camarada
Tu que és explorado pela entidade patronal
Durante a época do Natal
Usado como símbolo do capitalismo
Para fomentar o consumismo
Desenfreado, descontrolado
Que enriquece a burguesia
E empobrece o proletariado
Junta-te a nós no combate
Contra a guerra no Iraque
Oferece Che Guevara's não ofereças Action Man's
Luta pela igualdade feminina
Não dês Barbies mas Matrioshkas
Educa as crianças de hoje
Comunistas amanhã
Substitui o Harry Potter pelo livro "O Capital".
Camarada
Reivindica o teu direito a um transporte decente
Pára o trenó e as renas
Que não é veículo de gente operária e trabalhadora
Como tu oh pai natal!
Unidos venceremos o imperialismo e os reaccionários
Viva o Natal dos oprimidos
Viva o Natal dos operários!

Assinado pelo candidato: Jerónimo de Sousa
(Carta aprovada por unanimidade e braço no ar pelo Comité Central
do PCP)

21 de novembro de 2005

Pode repetir?


"É só mais uma vez" !
(foto "Visão")
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Por favor, ajudem-me com indicação capaz de resolver os meus problemas auditivos; explicando melhor o meu caso: um candidato às presidenciais disse (?) :
"... prometo que só me candidato mais esta vez, cumprirei apenas um mandato, se for eleito, e depois deixo o caminho livre...", etc e tal, mais coisa menos coisa, foi o que ouvi... digo eu!
Ah, e deu a sua palavra como penhor do que afirmou!...
Ouvi bem? Uns meses atrás este cavalheiro não disse quase a mesma coisa quanto ao seu imediato futuro político? E agora é candidato? Hummm... devo ter ouvido mal.
Tenho de consultar... sei lá....alguém especializado nas questões da coerência e sensatez.
De facto, estou a ficar meio gasto e cansado - nota-se pelo "ouvido"!

18 de novembro de 2005

...sem sentir


...o som dos passos na calçada
os vultos com quem me cruzo,
os cumprimentos que faço,
os sorrisos que distribuo…
.....
Tudo sem sentir!...
..….
Perfeita anestesia!!...
.….
A mecânica do ser?
A obrigação da educação?
A desilusão?
.….
Algures ficou o calor dos afectos,
A luz dos sorrisos,
O som das gargalhadas,
A vontade da emoção…
….
Venha a rotina do dia
Venham as horas de ponta
Venha o café e o cigarro
Venha o trabalho
Venham os rostos indiferentes
Venham as frases sem som
Venha a vida insonsa…

..... assim é mais fácil não sentir nada…

Carla Ramos
08/02/2005

15 de novembro de 2005

Dizia eu...


Termino as citações:

"... Nenhum presidente vem resolver o problema económico do País..." !
As leituras da semana disseram-me que o candidato/poeta é homem vertical, que nunca abandonou uma demanda a meio, que travou batalhas dentro e fora do partido político que escolheu para uma militância efectiva, sempre em sintonia com a sua coerência cívica, sem procurar protagonismos a qualquer preço, remetendo-se por uma vez à tentação da cadeira do poder, mesmo assim em posição suabalterna.De resto, o seu percurso continuou igual - antes e depois de Abril.
Como escreveu Cristóvão de Aguiar na citação anterior, um presidente não se "esgota" nas questões económicas; nem na utopia - mas que ela existe, EXISTE!
Ei-la, prenhe de liberdade no sonho do "Presidente do País Azul" (Cristóvão de Aguiar).

13 de novembro de 2005

Eu, "alegre" me confesso

A semana que agora termina foi diferente de todas as outras no que à leitura diz respeito. Li jornais, uns com nome na praça, outros nem por isso, numa tentativa de saber mais sobre os candidatos à minha cruz em Janeiro.Portanto, o ritual diário de ler "a bola" ( continua a ser um jornal de referência e uma espécie de ponte com os verdes anos) foi alterado, recorri ao Expresso e à Visão, mas o que mais interesse me despertou foi " A Comarca de Arganil", naturalmente por ser um jornal regional; leio-o há décadas, por razões afectivas, e sempre descobri entre notícias de formaturas e aniversários, artigos com verdadeiro interesse; neste caso, o assunto tem como título "O Presidente do País Azul" - assina: Cristóvão de Aguiar.
O autor escreve sobre Manuel Alegre com certo lirismo no estilo e eu, que já tinha opinião formada sobre o poeta-candidato, deixei que o articulista refinasse a minhas ideias; portanto, faço minhas algumas das suas frases, como esta:
"... Manuel Alegre é um poeta no sentido grego da palavra, aquele que faz e se faz fazendo, que vem gritar os seus poemas para o fórum, a Praça Pública, que faz da pena uma arma e desta uma caneta...".
"... Nunca cantou o paraiso parado, mas, sim, o paraiso a conquistar ou sempre por conquistar. A utopia que faz tão bem à saúde espiritual..."!
Por aqui me fico, já é madrugada.Mais logo, volto.

Rosa...


... ou "margarida", que é nome de flor!

3 de novembro de 2005

Uma noite mal dormida

Depois da "cruz no quadrado" recebi recados e encomendas, como se eu fosse figura importante, com influências à esquerda e à direita e capacidades inauditas - tudo porque me assumi como pessoa preocupada e, pelos vistos, nem todos os meus concidadãos se regem pela mesma cartilha; isto é: as gentes do meu país estão-se nas tintas, quem vier que venha por bem, não importa que seja alto, baixo, gordo ou magro, que perceba de economia ou tenha uma "concepção de democracia pouco estruturada", mas pronto, precisamos de um presidente, vamos lá para o arraial, e que venham os zés-pereiras para animar a festa!
Afinal, quem anda com pensamentos obtusos sou eu, porque me preocupo, e isso não vai acrescentar mais valias para a minha reforma (gosto imenso deste termo: mais valias, porque é utilizado vezes sem conta pelo meu presidente de Junta, homem sagaz, com cultura acima da média, enfim.... está sempre a dizer coisas, como a loira das anedotas...), portanto tenho de arrepiar caminho e enfileirar no rebanho, com este ou aquele pastor, tanto faz...
Estava eu com esta retemperada ideia , olhos semi cerrados, três da manhã, cobertor até ao pescoço aconchegado, e... toca o telefone!!! Como tenho nervoso miudinho, fiquei irritado com a desfaçatez da pessoa que não respeita os horários de quem tem madrugadas de segunda a segunda, mas atendi: era o nosso primeiro!
Os cumprimentos habituais, eu ensonado, meio chateado, ele nem por isso.
- Então, a que devo a honra deste incómodo?
- Soube da sua preocupação, e como também me preocupo com as cruzes, quero convidá-lo para integrar a procissão - disse o nosso pimeiro.
- Procissão? Mas que procissão? - perguntei, como se eu fosse o meu presidente de Junta, sempre interessado pelas coisas lá da terra.
- Camarada, então não sabe que hoje é dia de visitar os cemitérios? Ando preocupado, etc e tal...
Pronto, só me faltava mais esta preocupação - pensei eu, calado!
Procissões, cruzes....funerais...
....
Acordei cedo. Não recordo os sonhos de uma noite mal dormida.

1 de novembro de 2005

... da minha varanda...

Foto: Rita Ramos


Omnipresente e omnipotente, o "rei" começa a deitar-se ao fim da tarde;
longe daqui são horas de acordar.
Músicos, poetas e pintores cantam em vários tons a plenitude divina - aqui de oiro; a sul, muito ao sul,
cambiantes de vermelho .
Da minha varanda viajo nos sonhos de menino e repouso o olhar na linha do horizonte entre o mar e o céu da baía do Espírito Santo...
"Tudo isto é obra do Grande Arquitecto do Universo"!...