28 de janeiro de 2009

O amigo alentejano


Os tempos vão maus, demasiado maus, queixamo-nos em grupo, carpimos mágoas unidos, juntinhos, como os pinguins no Árctico para suportar melhor as tempestades.
Os sorrisos são quase nenhuns, vive-se, sobrevive-se, não há humor de gargalhar; para além dos “Gato Fedorento” é (quase) o deserto – apenas meios sorrisos com “Os Contemporâneos”, o Herman José não escapou à crise e sobram algumas graças do Fernando Mendes no “Preço Certo” – e isso é preocupante.
Não somos um povo alegre, mesmo no Carnaval “abrasileirado”, que está por dias, mas temos queda para associar estórias ao anedotário nacional, mesmo agora, em tempos de crise. Valha-nos isso!
O meu amigo alentejano Davide (com e no fim…), de sotaque a preceito, é excelente contador de anedotas; algumas têm “barbas”, mas como faz a festa por inteiro, do princípio ao fim, sempre a rir e com gestos largos (é um homem sem “crises” - será?), as piadas cheiram a novo. Agora perdi-o de vista, não aparece nas tertúlias que por hábito frequentávamos – o frio da noite leva a “malta” da ESTGOH a recolher cedo (tem dias…) e o alentejano, possivelmente, está em estágio… para os exames! É bom de ver que este amigo é estudante do ensino superior e já me garantiu que há-de voltar para terras de Amareleja com o “canudo” na mão – não duvido que o faça!
O jeitinho para actor é inato; se eu “mandasse”, fazia do Davide um profissional à altura da melhor concorrência do Stand Up Comedy nacional!...
Não é por nada – minto, é por causa das crises! – mas estamos necessitados de sessões de humor que aliviem a penúria da tristeza, mas não há volta a dar ao estado dos sorrisos. Convenhamos, em suma, que rir faz bem à saúde e, li há pouco, pode ajudar a curar certas doenças e aumentar a esperança média de vida, o que é óptimo, a não ser que a pessoa com vontade de viver mais uns anitos esteja às portas da reforma; nesse caso fique sabendo que os pensionistas vão perder um quinto da dita (reforma) até 2050 – quanto maior for a esperança média de vida, menor será o valor da reforma!
Perante factos, quem tem vontade de sorrir, rir ou gargalhar?
Nada a fazer, a Lei “diz que é assim” e… pronto.
Resta o exercício de “estar vivo”, que, só por si, já é uma “dificuldade” que nem sempre temos capacidade para gerir a contento,
…Com urgência, tenho de localizar o meu amigo da Amareleja para ficar ao corrente das últimas anedotas.

3 comentários:

  1. (lá se vai a minha reforma... ou será que não sobrevivo até lá?)

    a crise também no riso a não ser que demos gargalhadas a ver os telejornais... porque já não há paciência para tanta imbecilidade

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  2. :)) eu ainda sou das que ri...mesmo que ás vezes me apeteça é chorar.
    E depois uma boa gargalhada faz bem para a mente e para o corpo, incluindo o sistema cardiovascular e o sistema imunológico, que reforça as nossas defesas.
    A parte chata são as rugas do rosto....mas isso tambem com o botox se resolve :))

    Bora lá rir com ou sem Marina :))
    ****

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  3. Pois é...eu nao me importava de chegar a 2050 cheia de rugas de expressao: de me rir, de me rir muito no meu passado!
    Em 2050,estaria na reforma e com tempo para pensar nos infortúnios da vida que decorreram no nosso país, nos desempregos, nos políticos corruptos que nunca eram julgados,nas falencias fraudulentas das empresas, na crise da Bolsa...enfim... numa palavra: CRISE.
    Mas em 2050 nao vai dar tempo para pensar nisso tudo, pk como a reforma será muito baixa, com sorte irei estar a trabalhar ainda para o meu sustento. Ou seja a Crise prolongar-se-á por muitos e muitos anos...
    Enfim...em vez de pensar já na minha velhice, é melhor deixar-me levar pelas gargalhadas das crianças que todos os dias me envolvem, deixar-me contagiar pelos sorrisos das pessoas k amo, e procurar os nossos amigos (como o teu de Amareleja) e tentar conviver alegremente com os nossos amigos com ou sem crise. Porque a crise existu e vai existir sempre,mas desta vez está só a ser mais divulgada e a afectar muitas mais pessoas...

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