22 de outubro de 2007

Caloiros “à solta”


“(…)O Ginja II, que tem jeito para o canto,

Apresentava-se com um estilo de penteado com tendências futuristas,

deu nas vistas - pelo menos enquanto não visitou o barbeiro para acerto das escadinhas laterais, entre as orelhas e o cocuruto(…)”

Não perco pitada das estórias contadas em jeito de crónica pelo escritor Rui Zink, daí que procure alguns dos seus subsídios para meios sorrisos eloquentes, como o excerto deste texto: “Dinossauros excelentíssimos”, que pode ser lido nas suas crónicas benditas: “Luto pela felicidade dos portugueses”.

“…Ao almoço, no restaurante:

- O que recomenda?

- O pargo está uma delícia, e além disso é licenciado em Económicas

- Hum… licenciado em Económicas…

- Mas olhe que está uma categoria…

- Eu sei, mas queria qualquer coisa mais substancial. Não tem nada com mestrado?

- Peixes não, mas tenho umas costeletas de vitela que estão a tirar o doutoramento em Oxford. Fritinhas e servidas com batatas da Católica ficam uma maravilha”.

O diálogo saboroso bem podia fazer parte de um Sketch a que os novos caloiros estariam sujeitos, se a Praxe académica tivesse outros contornos de entretenimento puro, o que não invalida a comicidade dos parodiantes em situações inventadas, na hora, pelos doutores.

Graças aos noviços da ESTGOH fiquei a saber que o balcão do bar onde alguns estudantes foram vítimas da Praxe, mede “quase” oitenta paus de fósforos; não acredito, apesar dos encarregados, na proporção de três para um (trabalhador), garantirem a autenticidade dos cinco centímetros de cada amorfo.

As dúvidas resultam do facto de, entre eles, apesar da sobriedade com que se apresentaram ao trabalho, não existir consenso quanto às metades que faltam ou sobram a cada ladrilho: que fazer aos sobejos dos ditos? Ou será que são pequenos em demasia?

Em defesa da lógica, o doutor Carlos Maia “Fiúza”, filósofo de ocasião, apontou uma garrafa de Porto e do alto da sua insigne sabedoria, discursa:

- Isto é simples: para mim, a garrafa está meia vazia; aqui para o Ginja, meia cheia!

O Ginja II, que tem jeito para o canto, apresentava-se com um estilo de penteado com tendências futuristas e deu nas vistas - pelo menos enquanto não visitou o barbeiro para acerto das escadinhas laterais, entre as orelhas e o cocuruto. Pensativo, o Ginja II, como se imagina, concordou com o mestre, não fosse este ordenar punição maior pela irreverência do contraditório.

A tertúlia compôs-se, segundo o grau e qualidade de quem ia chegando – pessoas ilustres e ilustradas pelo traje negro sem pergaminhos, por ora, a saber: doutores Hélder Pinto, Romeo (com o, sim senhor …) Vieira “Laurent Robert”, Bruno Gomes, e Carlos Maia ”Fiúza”, os engenheiros Santarém, “o campino”, Álvaro Ferreira,”o músico”, a que se juntaram os afilhados Mi Gusto, Lloyd e Roger. Faltaram à chamada o doutor João Paiva, “o teórico da bola”, possivelmente a congeminar nova táctica que possibilite vitórias ao seu clube, e o engenheiro João Bagorro, “o alentejano”, talvez a meio da única “imperial” do dia!

A coberto dos cuidados paternos, alguns ficaram no anonimato, como convém.

Para o Ludovic Costa, “o francês”, 23 anos de idade, licenciado em Económicas, voltar a ser caloiro em Engenharia Civil, “é obra”!

A ESTGOH começa a ser aliciante para a classe estudantil, daí que a Praxe se instale com cânones próprios - falta eleger o Dux Veteranorum!!

Perante “malta” de tal jaez, espera-se, em Oliveira do Hospital, um ano lectivo recheado de bons costumes académicos.

Quanto às aulas, há tempo, “o ano só agora começou” – palavra de caloiro!

2 comentários:

  1. Que saudades!

    De ser caloira e matar a formiga aos gritos! de ser doutora para poder praxar... sempre fui muito branda se os pudesse safar, safava...

    O meu traje... a minha lapela amarela e cinzenta... a cartola... a bengala...

    São apenas recordações!

    Bom ano para os caloiros! Aos doutores muito estudo da fisica do levantamento da caneca!

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  2. Que saudades...
    Saudades, sim saudades... Quem diria que eu um dia viesse a escrever isso, eu que sempre fui "do contra". Mas é, tudo isso deixa imensas saudades:
    Aquele café meio escondido onde passei grande parte do tempo (a trabalhar), conversar, cantar e as vezes até quem sabe se nao filozofava, e os meus pais pensavam que eu estava em casa tal um menino bem comportado a estudar! "Ai se eles soubessem" lamentava eu quando ja depois de acabar um certo Logan 12anos e ouvindo o melhor Ritualista dizer-me: "Ja estas lindo!"; pois é o Ritual deixa-me imensas saudades.
    E aquelas pessoas que me acompanharam desde o inicio desta vida estudantil. Nao esquecendo os que me "apanharam" na recta final. A todos um eterno obrigado, nao eskecendo ninguem e começando pelo meu familiar mais proximo Sr. Carlos, Maia, Andreia, Roger, Ana(s), Helder, Lipinha, Teresinha, Madeirinha, e tantos mais.; pois é o essas pessoas todas deixam-me imensas saudades.

    Ass.: Roméo (com o, sim senhor …) Vieira “Laurent Robert”

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