À sombra do meu gostar
Era uma quinta enorme, com terreno de cultivo bordejado de macieiras.E tinha uma casa de arrumos onde guardava as minhas construções de corcódea; a última foi uma miniatura de um carro - de -bois ( o transporte da época para o renovo da quinta, onde se "dava de tudo", como se fala por aqui...).
Em fevereiro de um ano, as terras estavam de pousio e eu também, sem grandes quereres nos meus onze anos, mas fui de livre vontade até onde o navio me deixou, quase um mês depois do adeus a Lisboa.
Lourenço Marques era mesmo uma cidade linda, tão linda que me prendeu nos seus encantos - ainda morro de amores por ela!
Um dia, homem feito, regressei ao meu sítio e voltei à quinta, de visita...para procurar o meu carrinho de corcódea com duas rodas minusculas e umas figurinhas que em nada se assemalhavam a animais de carga, ainda por cima sem chifres - lembro-me muito bem do feitio da minha "escultura"!
Tinha a certeza de que a deixara numa prateleira, ao alcance da minha mão...mas a prateleira estava vazia!
...Regressei há minutos de nova viagem à quinta abandonada, onde agora crescem pinheiros bravos...
Da casa, duas meias paredes e, aberta numa delas, a prateleira "guarda a alma" do meu brinquedo...
"Amén"!
Admiro muito a sua escrita!
ResponderEliminarLindo este texto onde se insinuam memórias de infância inesquecíveis.
Um abraço.
Memórias guardadas num cantinho do coração...
ResponderEliminar"Da casa, duas meias paredes e, aberta numa delas, a prateleira "guarda a alma" do meu brinquedo... "
Que bonito o que escreveste :)