Foto: Nuno Botelho
A estória conta-se em poucas palavras: ninguém (?) tem dinheiro para manter esta casa como memória de um passado rico de cambiantes sociais. Nem o Estado - dizem!
Um óptimo tema para discussão.
Um dia destes a casa vem abaixo.Nela viveu e morreu o autor deste belíssimo poema. Quem foi?
As Minhas Asas
Eu tinha umas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Que, em me eu cansando da terra,
Batia-as, voava ao céu.
— Eram brancas, brancas, brancas,
Como as do anjo que mas deu:
Eu inocente como elas,
Por isso voava ao céu.
Veio a cobiça da terra,
Vinha para me tentar;
Por seus montes de tesouros
Minhas asas não quis dar.
— Veio a ambição, co'as grandezas,
Vinham para mas cortar,
Davam-me poder e glória;
Por nenhum preço as quis dar.
Porque as minhas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Em me eu cansando da terra,
Batia-as, voava ao céu.
Mas uma noite sem lua
Que eu contemplava as estrelas,
E já suspenso da terra,
Ia voar para elas,
— Deixei descair os olhos
Do céu alto e das estrelas...
Vi entre a névoa da terra,
Outra luz mais bela que elas.
E as minhas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Para a terra me pesavam,
Já não se erguiam ao céu.
Cegou-me essas luz funesta
De enfeitiçados amores...
Fatal amor, negra hora
Foi aquela hora de dores!
— Tudo perdi nessa hora
Que provei nos seus amores
O doce fel do deleite,
O acre prazer das dores.
E as minhas asas brancas,
Asas que um anjo me deu,
Pena a pena me caíram...
Nunca mais voei ao céu.
João Batista Leitão de ...
às vezes os sonhos são lindos, e bons, e vem abaixo, outros tremem, outros mantem-se firmes e hirtos, para o que der e vier.
ResponderEliminarTudo tem um principio meio e fim, muitas vezes não gostamos, especialmente do fim, mas temos de aguentar, é mais ou menos o que acontece, com..."as minhas asas"...pois também se tornam algo difícil de se aguentar e só com muita ajuda se poderiam erguer...
Almeida Garret..digo eu.....
ResponderEliminarBapsi
...de Almeida Garrett, companheiro!
ResponderEliminar...quem foi?
ResponderEliminarUm homem, que deixou a sua obra a enriquecer o nome de Portugal.
É assim que o estado acarinha os seus filhos.....deixa-os apodrecer ao tempo...
Um momento de reflexão .